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Gaza, a prisão aberta

O historiador judeu, Breno Alteman, jornalista brasileiro, que mantém um canal digital – Opera Mundi – no qual comenta com extraordinária competência, a atual situação da Palestina, está sendo perseguido por entidade judaica, que instrumentaliza os órgãos policiais e de repressão do Estado brasileiro, para não só amedrontá-lo como, se possível, calá-lo.

Na verdade, ele faz uma separação didática e real entre os judeus, em relação aos quais mantemos o melhor e o maior respeito, e o sionismo que é o movimento político, discriminatório, racista, violento, supremacista, que se acasalou no poder e na estrutura do Estado de Israel e tenta utilizar qualquer critica dirigida contra ele, como se fosse inspiração, obra e graça do famigerado e repelido antissemitismo.

Essa guerra colocou a questão palestina, como nunca antes, na pauta do mundo, ainda que a imprensa brasileira e mundial sempre tenha tratado o Estado de Israel, como vítima, ignorando todas, eu disse todas, as recomendações da ONU, relativas ao respeito devido a nação palestina, face à violência permanente do Estado de Israel.

A desgraça foi iniciada anos depois do horror nazista do gueto de Varsóvia, porque inaugurado com a criação dos dois Estados, o Palestino e o de Israel, com os sionistas promovendo, violentamente, o êxodo de milhares de palestinos, desde 1948, mediante ameaça, destruição e morte, ininterruptamente. Mandela, o herói da luta antiapartheid na África do Sul chegou a declarar que o sistema de exploração e humilhação dos palestinos, na Palestina, é pior do que aquele que foi combatido e vencido na África do Sul. A sofisticação é tão refinada que o controle israelita dos alimentos que entravam em Gaza passava necessariamente pelo cálculo das calorias devidas a cada um, naquele pequeno território de maior densidade populacional, quase dois milhões de pessoas, já reconhecido como a maior prisão em céu aberto do mundo.


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 A violência, direta e indireta de Israel, durante mais de 70 anos, entremeada por humilhações permanentes, são acentuadas pela exclusão dos palestinos das estradas construídas pelo Estado de Israel, discriminados no sistema educacional, sendo que as “aldeias” palestinas não se intercomunicam entre si, e na Cisjordânia, que seria o território do Estado de Palestino, dia a dia, os palestinos são discriminados e expulsos para darem lugar aos colonos israelenses, que já são setecentos mil, provindos de toda a parte do mundo. Enquanto os colonos conseguem facilmente autorização para construção de suas casas, aos palestinos dificultam ao máximo, numa proporão de uma para cem.

Os lamentáveis acontecimentos que romperam a empáfia e a arrogância do governo israelense, que se achava invulnerável, visaram primordialmente militares e instituições militares, e aconteceram após premier Benjamin Netanyahu ter ido, no final do ano passado, à Assembleia Geral da ONU, para exibir um mapa da Nova Israel, que excluía da geografia local a Palestina. Os ataques ofereceram ao governo sionista, discriminador, vingador, invulnerável vulnerabilizado, a possibilidade de bombardear hospitais, ambulância e equipe da ONU, matar mulheres e crianças, num cenário muito assemelhado, como sofrimento, desespero e aflição dos seis milhões dos judeus confinados e mortos nos campos de concentração nazistas. Estes não são culpados se os sionistas introjetaram o vírus de seu ódio tecnicamente aperfeiçoado.

E a África do Sul que, agora, encabeça, com 57 países da Organização de Cooperação Islâmica”, petição à Corte Internacional de Haia, na Holanda, na qual “acusa o Estado de Israel de descumprir a convenção de prevenção e punição do genocídio”. O Brasil declarou o seu apoio.

O professor palestino de Literatura Comparada das Universidades de Columbia, Harvard e Johns Hopktins e Yale, Edward W. Said, um dos maiores críticos culturais do Século XX, em seu livro –A questão Palestina–, escrito em 1977 e início de 1978, registra :- “Escrever criticamente sobre o sionismo na Palestina nunca significou, e não significará agora, ser antissemita ao contrário, a luta pelos direitos palestinos e pela autodeterminação não significa apoiar a família saudita ou as estruturas de Estado antiquado e opressores da maioria das nações árabes. Mas, é preciso admitir que os liberais e a maioria dos “radicais” foram incapazes de se livrar do costume sionista de equiparar antissionismo ao antissemitismo” (editora unesp,1992).

A didática corajosa de Breno Altman está rigorosamente na linha da história.

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