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Feres Sabino: Agronegócio, a Amazônia também é sua

Triste notícia! O mês de abril foi o período em que mais se desmatou a Amazônia nesses últimos dez anos.

Essa destruição está evidentemente no contrapé da forte e autorizada mensagem do genial fotógrafo brasileiro Sebastião Salgado, que eternizou tanta dor, destruição, humanidade esperançosa em seus ensaios fotográficos pelo mundo afora, como eternizou a Amazônia em sua diversidade de árvores, águas, chuvas, rios, peixes, insetos, animais; na de sua gente indígena.

Sebastião Salgado, que recentemente foi o entrevistado pelo programa Roda Viva, da TV Cultura, lançou um brado em defesa dos indígenas, que agora enfrentam a incentivada e “oficial” invasão de suas terras para a exploração mineradora e para suprir a fome das madeireiras, o que os torna ainda mais expostos ao coronarívus, inclusive pelo esvaziamento deliberado dos órgãos de vigilância e fiscalização.

Aliás, ele deu a notícia e veiculou internacionalmente o manifesto assinado por pessoas representativas do mundo inteiro, preocupadas com o Brasil decaído pela bagunça neoliberal.


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E mais, lançou um apelo ao agronegócio brasileiro, dizendo que ele deveria defender a Amazônia, dado que os chamados “rios voadores”, que são as gotículas de água que sobem para a atmosfera e formam as chuvas descarregadas no Sul, Sudeste e Centro-Oeste do Brasil, umedecem as terras de nossa produção agrícola e contribuem para um clima saudável e um ambiente ecologicamente mais limpo.

Sebastião Salgado, nascido em Aimorés/MG em 8 de fevereiro de 1944, diz que a cidade ficou órfã do seu Rio, o Doce, desviado que foi pela Cemig e a Vale para fazerem uma hidroelétrica; e ainda comenta que aquela região se beneficiava muito com a empresa Vale do Rio Doce, quando de propriedade do Estado. Ele que, nos seus trabalhos, já foi financiado inclusive pela nova empresa privatizada, declara que tudo mudou no volume desses benefícios que ela derramava por terras povoadas. E a desgraça de Minas Gerais, com o rompimento de suas barragens, só se explica em razão da privatização malfeita, porque para a empresa privada interessa o lucro.

Quem comparar os benefícios urbanos do antes e do depois da privatização da siderúrgica de Volta Redonda dirá o mesmo que Sebastião Salgado sobre o após privatização da Vale do Rio Doce.

Quanto ao Amazonas, seu depoimento sobre o trabalho do exército lá sediado foi extremamente elogioso, dando a informação inclusive de que seus (ou nossos) soldados são índios.

Mais ainda, o Brasil tem lá dezenas de tribos isoladas, que não foram contatadas pelo homem branco, e esse rico patrimônio nos liga ao rico passado cultural de nossa história, sendo o único país no mundo que pode estampar essa riqueza.

Voltando ao agronegócio, e sua massiva propaganda na televisão, ele comete uma injustiça, pois não celebra o instituto oficial (Embrapa) que alavancou com seus pesquisadores a produtividade nacional sem a exclusão de outros pesquisadores nacionais.

É preciso valorizar nossa ciência e cuidar do que é nosso. O ressurgimento de um sentimento de nação certamente facilitará o trabalho de todos.

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