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Bicho barbeiro, abelha africana, terra redonda, litoral norte, ET Coetera

Sérgio Roxo da Fonseca
Procurador de Justiça aposentado, Membro da Academia Ribeirãopretana de Letras. 

Na segunda metade do século XX, tendo em conta a propagação de moléstias de graves, órgão públicos, clubes sociais e algumas empresas privadas, unidos e separadamente desenvolveram trabalhos não apenas para sua contenção, mas também para a análise de sua essência. Conseguiram notável e histórico sucesso. A história dos homens não os esquecerá. 

Como exemplo merece registro, até em nível internacional, tanto os trabalhos de pesquisa como de contenção, o esforço realizado pelo Rotary Clube Internacional na contenção da “paralisia infantil”.  

Destaque-se também neste patamar as pesquisas promovidas pela empresa Dupont tanto na contenção como no estudo das doenças ocupacionais, promovendo até mesmo trabalhos – até então ignorados – sobre os “acidentes de trabalho sem lesão”. 


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Em campo paralelo, o médico Luiz Marinho Bechelli dedicou seu tempo e a sua história ao estudo da hanseníase, lutando então contra a doença, que no passado era conhecida como “lepra”. Os pacientes eram imediatamente trancados nos “leprosários” e de lá eram retirados após a morte. O Dr. Bechelli alargou seus trabalhos cuidando dos pacientes brasileiros e estrangeiros. Com certeza ao lado de outros insignes médicos, aqui e fora daqui, conseguiram atingir o fenômeno da “lepra”, encerrando até mesmo as portas dos leprosários. 

No passado tivemos a figura do navegador português Gil Eanes que em 1453 heroicamente na África contornou o Cabo do Bojador, descobrindo assim que a terra é redonda. Voltou rapidamente para Portugal e abriu as portas do universo ensejando aos portugueses a glória de descobrir o mundo para o mundo. Gil Eanes e os portugueses com uma frágil galé conseguiram alcançar o Japão, o norte da Europa, o leste do Canadá, Hong Kong, Macau e até mesmo o Brasil. Mesmo assim, nos nossos dias, há quem acredita que a terra é plana contra a visão do navegador Gil Eanes.  

Nos nossos dias, a nossa existência tem sido alcançada por inúmeros males tal como o ataque do “bicho barbeiro” com a sua moléstia de Chagas, a “abelha africana” com as suas picadas mortais. 

A doença de Chagas foi revelada pelo brasileiro Carlos Chagas, indicando-se o inseto denominado “barbeiro” como seu transmissor. No interior das “casas de sapé”, erigidas com emplacamento de barro, sobrevivia o inseto que com sua picada transmitia a doença e a morte. Tais “casas de sapé” eram comumente encontradas na zona rural, daí a sua identificação. Com sua eliminação, eliminada foi a doença de Chagas.  

Consabidamente as “abelhas africanas”, ao atacar suas vítimas, levavam-nas à morte. Os insetos, quase sempre, mas nem sempre eram encontrados na zona rural. 

Vários órgãos e entidades desenvolveram importantes trabalhos para impor o desaparecimento dos insetos e da doença por eles transmitidas.

 

 E’ de grande importância o trabalho de pesquisa e de aplicação realizadas pelos Promotores de Justiça, membros do Ministério Público Estadual. Atribui-se ao Ministério Público um notável e aplaudido trabalho realizado nesta área. O desaparecimento de tantas mortes resultantes do “bicho barbeiro” e das “abelhas africanas” documenta o esforço realizado a partir de 1960. 

Olhando por este prisma vejo o recente desastre climático sofrido pela população das riquíssimas cidades do litoral norte do Estado de São Paulo. As cidades da região são credoras de regulares pagamentos resultantes da exploração do petróleo encontrado na bacia de Santos. Tendo em conta a tragédia sofrida pela paupérrima convivência dos habitantes, vítimas recentes de uma tromba d’água, é da mais alta significação uma firme intervenção da Promotoria de Justiça do Ministério Público estadual no seu contexto. 

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