Por que a música une e quando?
Se o encontro fosse de filosofia, ele, que já foi premiado nessa matéria, teria o sucesso natural. Se fosse um encontro de geografia, autor de livros, ele, que já foi premiado nesse campo, teria o sucesso natural. Se fosse para paraninfar pela sexta vez um grupo de formandos, ele o faria, outra vez, com o brilho de sua sensibilidade e de sua inteligência Mas, a alma peregrina de Sérgio Adas, que se oferece ao universo atemporal, foi descobrir depois de ser levado pela Uber por mil quilômetros lá da Holanda a Bélgica, o violonista, Marijn van der Linden (Roterdã, Países Baixos), amante da música brasileira, adepto da língua portuguesa, e que mantém em Roterdam um Centro para a disseminação de nossa cultura musical. E formando com ele a celebre dupla “DUO GAITAR” a revelação musical da gaita, Rutger Marfiys (Gante, Bélgica) que ambos, dia a dia sobem a rampa do reconhecimento internacional, como os melhores. Alunos de música, frequentaram o que podiam para burilar a técnica da respectiva arte e apresentaram seus dons em dezenas e dezenas de palcos europeus.
Essa dupla se apresentava numa daquelas fazendas tocadas por idosos, que recebeu o brasileiro, Sergio, de braços e alma abertos, até pelo inédito daquela visita e daquela surpresa.
A empatia estabeleceu a primeira relação, reforçada pelo fato do violinista, nascido em Curaçao holandesa, falava o português, e com isso a relação afundou naquela amizade de admiração reciproca, que iria crescer no inesperado que nunca espera para surgir.
Sergio Adas recebeu, no seu WhatsApp, o recado de que a dupla viria ao Brasil para interrelacionar com música e músicos brasileiros, enriquecendo com isso o que já conheciam dela e deles.
Vieram sem saber do que o Sérgio Adas era capaz, pois, ele à distância organizou uma turnê que se iniciou com a apresentação de três dias, em três turnos diários, em Brasília, com sucesso absoluto, igual ao acontecido naquela noite de quinta feira, aqui em Ribeirão Preto, no Restaurante Toscana, aconchegante, quando a irmandade musical passou um pano milagroso nas maldades do mundo e nas separações brutais de pessoas e povos, unindo a todos pela mão invisível da beleza, quase divina, que atrai pelos ritmos e particularmente pela harmonia. Na segunda parte dessa apresentação dois músicos brasileiros, Ricardo Perez no pandeiro e Alexandre Gonçalves Peres no cavaco, entraram tranquilos na terra estrangeira como se ela fosse eternamente de todos. E ainda contando com a presença do brasileiro, Robson Ribeiro, que fala de sua profissão de dentista, como se não fosse o violonista que justifica a reciprocidade de ir para a Europa, fazer o que outros fazem aqui, com maestria, levando os outros dois, do cavaco e do pandeiro.
No dia seguinte, à noite, foi a vez da dupla encontrar-se com a trupe de instrumentos e dos cantos, apresentando-se no Bar do Chorinho, capturando da rua o aplauso admirado, que louvou a sua simplicidade. E depois o caminho foi a capital de São Paulo, seguindo a pista do prestígio do Sergio.
Bélgica, Holanda e Brasil, seus povos, suas diferenças, suas distancias, seus céus e suas nuvens, receberam o som abençoado da música, que é o esperanto da arte.
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