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O som da história

SÉRGIO ROXO DA FONSECA 
Membro da Academia Ribeirãopretana de Letras, Procurador de Justiça e Professor (aposentado) 

TAIS ROXO DA FONSECA 
Advogada 

Historiadores curiosos lançam seus olhares para o passado das nossas vidas em busca das chaves porventura existentes para compreender o nome pelo qual foram batizadas nossas pátrias e até mesmo nossas cidades. De onde teria saído o extravagante nome do Rio de Janeiro? Não poderia ser Rio de Fevereiro ou talvez Rio de Dezembro? E Ribeirão Preto não poderia ser Ribeirão Verde? Quem teria, no exercício de um poder paternal, ter pronunciado ou indicado o nome e o sobrenome na pia batismal de nossas cidades? Para ouvir o passado vale a pena ouvir os primeiros dias da cidade de Jardinópolis que recebeu verdadeiros impulsos republicanos.  

Recebemos no passado a notícia segundo a qual o nome “Jardinópolis” não derivava dos vários e belíssimos jardins que ornamentavam e ainda ornamentam a cidade, mas, sim, do grande brasileiro Silva Jardim. Quem foi Silva Jardim?  


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Silva Jardim nasceu na cidade de Capivari, Estado do Rio de Janeiro, em 1860 e faleceu em Pompeia, na Itália em 1891. Hoje Capivari chama-se Silva Jardim.    

O nosso patrono estudou direito na até então única faculdade brasileira, já então sediada no Largo de São Francisco. Casou-se em São Paulo, onde não só foi advogado e político, como também professor e talvez e o primeiro orientador e planejador das escolas primárias.  

Silva Jardim converteu-se no mais extraordinário orador brasileiro. Era reconhecidamente um patriota e combatente em favor da democracia. Como republicano propunha uma evolução histórica com veemência e calor humano. Portando pregava o fim da monarquia com o afastamento de D. Pedro II do trono, substituindo-o pelo povo. Os documentos da época afirmam que Silva Jardim foi um dos mais notáveis políticos da época. 

Propunha um regime no qual o rei não seria a fonte do poder (“Rex est Lex”). Lutou bravamente para substituir o rei pelo povo brasileiro, com a instituição da república, ou seja, “Lex est Rex”. Neste sentido o homem do povo estaria autorizado a fazer o que quisesse, menos agir violando a lei criada pelo povo. Ao contrário, o Estado e qualquer das suas autoridades estariam proibidos de interferir na liberdade do homem comum, salvo se autorizados por lei criada pelo povo brasileiro. 

Esses padrões de convivência haviam sido propostos pelo suíço Jean Jacques Rousseau nascido em Genebra em 1712 e falecido em 1778. Foi um dos mais notáveis filósofos do iluminismo, influindo notadamente na estruturação da República Francesa, surgida com a Revolução de 1789.

 

No Brasil derrubada a monarquia e substituída pela república, Silva Jardim candidatou-se na primeira eleição quando foi derrotado, lutando bravamente pelos seus argumentos democráticos. Deve-se registrar que os primeiros Presidentes da República eram militares que até então haviam aplicado as ordens provindas da monarquia. Silva Jardim não manteve aproximação com nossos primeiros presidentes da República. Resolveu assim exilar-se no país mais democrático do ocidente, a França, levando consigo sua esposa e seus filhos. 

Tendo sido convidado a conhecer o Vesúvio, partiu para Pompéia. Já no cair da noite, aproximou-se do vulcão que surpreendentemente iniciou uma erupção, lançando Silva Jardim em sua cratera fumegante, aonde veio a falecer.   

Sabe-se que os países sul-americanos até hoje têm grande dificuldade para construir suas repúblicas pelos caminhos abertos por Rousseau e Silva Jardim.

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