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SUSTENTABILIDADE | O difícil retorno de embalagens

VALOR ECONÔMICO | Da coleta à triagem dos materiais, da prensa à conscientização de consumidores e ao cooperativismo, Ruth Dácio, 48 anos, assimilou, durante 30 anos, experiências valiosas. A bagagem acumulada foi fundamental para superar revezes, como o incêndio que atingiu a cooperativa formada em Manaus, em 2018, e a queda nos preços dos materiais, quando a alíquota de importação de resíduos estava zerada, no ano passado. O aporte de R$ 380 mil que recebeu da petroleira ExxonMobil renovou o ânimo e tem potencial para colocar a Eco Cooperativa em outro patamar de gestão de resíduos recicláveis na capital do Amazonas – uma das regiões do país em que a logística reversa ainda tem muito a avançar. Os recursos serão destinados para a implementação do modelo YouGreen, que busca transformar as cooperativas convencionais em exemplos de eficiência e inovação.

“Com os processos estruturados, nosso objetivo é aumentar a eficiência e a capacidade da cooperativa, com mais produtividade dos colaboradores e menos impacto para o meio ambiente”, diz Dácio, hoje coordenadora de operação e produção da cooperativa, cuja meta é coletar, até 2025, cem toneladas de resíduos por mês. A parceria com a petroleira ainda possibilitou a compra de uma transpaleteira, capaz de locomover grandes volumes de carga, de uma prensa e uma esteira de triagem, a integração com uma central de serviços compartilhados, com consultoria jurídica e comercial, além de treinamentos e processos educativos para catadores.

Estabelecer parcerias com organizações, redes e cooperativas é um dos mecanismos usados pelas empresas para cumprirem as metas estabelecidas na Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS). As iniciativas trazem resultados econômicos, sociais, ambientais, agradam investidores e fazem rodar a tão sonhada economia circular. Mas o país ainda precisa avançar muito no tema, dizem os agentes envolvidos na operação.

Segundo a Associação Brasileira de Resíduos e Meio Ambiente (Abrema), o Brasil reciclou no ano passado apenas 4% de um total de 82 milhões de toneladas de resíduos. “Os setores estão em estágios diferentes na implementação da logística reversa”, diz Pedro Maranhão, presidente da associação. O sistema de medicamentos, exemplifica, só teve seu decreto aprovado em 2020, enquanto a coleta de pilhas e baterias começou de forma voluntária há 20 anos. Até agora, 12 classes de produtos têm sistemas de logística reversa implementados, com formas de monitoramento especificadas.


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Apesar dos avanços, Anderson Nassif, gerente da Ancat, considera imenso o desafio de eliminar os gargalos da atividade. Segundo ele, é preciso ampliar a atenção dos governos e empresas para o tema e promover a adesão dos consumidores, que muitas vezes desconhecem a oferta de serviços ou desanimam diante da distância ou da dificuldade de acesso aos pontos de coleta, hoje, concentrados em regiões com maior densidade populacional. “Ainda há perto de 5 mil lixões a céu aberto. É preciso acabar com eles e fazer a inclusão socioeconômica dos catadores que sobrevivem da coleta nesses locais”, diz.

Fonte: O difícil retorno de embalagens | Revista Sustentabilidade | Valor Econômico (globo.com)

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