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UM SÓ DEUS, ACIMA DE TODOS

Sérgio Roxo da Fonseca
Procurador de Justiça e professor universitário
(aposentado).
Tais Costa Roxo da Fonseca
Advogada

O Monte Nego, registra a Bíblia, encontra-se no limite da Cisjordânia, ponto final da caminhada que os judeus fizeram para atravessar a Península Arábica para vislumbrar, desde aquelas alturas, a Terra Prometida. Lá embaixo, depois do Rio Jordão encontra-se, já naquela época, a cidade de Jericó.

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Deus comunicou-se com Moisés, afirmando que o profeta ali morrerá, mas terá o direito de ver do alto do Monte Nebo a Terra Prometida. Assim Moisés foi processado, condenado e executado, segundo a Bíblia.


O Papa Bento XVI também visitou o Monte Nebo (2009), caminhando por terras arábicas da Cisjordânia, quando então foi recebido rei Abdalla II, oportunidade na qual proferiu palavras de saudação, afirmando que tinha “profundo respeito pela comunidade mulçumana, sabedor que o rei Abdalla II” mantinha um notável trabalho “por uma melhor compreensão das virtudes do Islã”.


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As palavras proferidas pelo Papa Bento XVI, certamente, causou tão importante preocupação ao mundo cristão que historicamente afastara da cultura transmitida por Maomé.

O Papa, para conferir um fator documental, ordenou a construção de um marco no qual fez inserir a seguinte frase em latim: “Unus Deus, Pater omnium, super omnes” que enseja a seguinte tradução: “Um só Deus, Pai de todos, sobre todos”.


Mas, os mulçumanos adoram o mesmo Deus dos cristãos?


A resposta é positiva.

O criador da doutrina arábica chamava-se Maomé na nossa língua, mas universalmente conhecido como Abu Alcachine Maomé Ibn Abdala ibn Abedal Motalibe ibn Maxime. Nasceu em 5 de abril de 571; faleceu em 8 de junho de 632.


Maomé transmitiu aos seus fieis uma devoção permanente e respeitosa aos profetas bíblicos: Abraão, Davi, Jacob, Isac e Ismael e, com certeza Jesus Cristo. Portanto os mulçumanos até hoje consideram Jesus Cristo o grande profeta da humanidade. Mas não consideram Jesus como o Deus do universo, mas sim como profeta.


Daí resulta o grande conflito ocorrido entre os mulçumanos e os cristãos. Como sabido os cristãos invadiram a o Oriente Próximo sob o pretexto de libertar Jerusalém dos “infiéis”.

O registro histórico eternizou a condenação de ataques cometidos pelos cruzados que haviam matado crianças árabes para alimentar-se, o que foi condenado pelo Papa.


Até então a medicina dos muçulmanos era mais evoluída do que a europeia, veja-se o trabalho deixado por Avicena.


Os árabes pouco mais tarde invadiram a Península Ibérica. Não apenas introduziram o “sistema decimal”, como também o estudo da filosofia grega, o que então era vedado aos cristãos. Em Córdoba nasceram o extraordinário filósofo Averrois (1126/1108) e o judeu Maimônides ou Rambam (1138/1204) pais dos estudos da filosofia grega na Europa.


“O legado da civilização grega foi transmitido à Europa por intermédio dos árabes. Em medicina, astronomia, química, geografia, matemática, arquitetura. Os ocidentais obtiveram seus conhecimentos dos livros árabes. (…) Muitas palavras atestam isso: zênite, nadir, azimute, álgebra, algoritmo, ou apenas cifra. (…) Merecendo acrescentar no campo da indústria fabricação do papel, no trabalho com couro e dos tecidos, na destilação do álcool e do açúcar”. Não podemos esquecer a que ponto a agricultura europeia enriqueceu ao contato com o Oriente: damascos, berinjelas, chalotas, laranjas, melancias. A lista é interminável” leciona o escritor Amin Malouf (As Cruzadas vistas pelos Árabes, Editora Vestígio).

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