Evento em Ribeirão Preto promoveu debates sobre criatividade, empreendedorismo e marketing
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A Associação de Profissionais de Comunicação e Marketing (APCM), em parceria com o Sebrae e a Associação Comercial e Industrial de Ribeirão Preto (Acirp), realizou no dia 1º de outubro o primeiro “Fórum de Criatividade, Empreendedorismo e Marketing” da cidade. O evento ocorreu no prédio centenário da Acirp, no centro de Ribeirão Preto, e reuniu especialistas e empreendedores como Jason Albuquerque, Vivi Duarte, Larissa Andrade, Grace Kelly, Silvia Bianchi Machado, Daniela Lupo, Gisele Donadelli e Myrko Micali.
Na primeira palestra, o vice-presidente da MasterMind América Latina e professor da University of California, Jason Albuquerque, destacou a relação entre trajetória empreendedora e comportamento de lideranças. “Conhecimento é base. Mas o que gera resultado é decidir e treinar até transformar em habilidade”, afirmou. Ele ainda citou a pesquisa conduzida pelo jornalista Napoleon Hill no início do século XX, que entrevistou grandes empresários da época, como Andrew Carnegie.
Segundo Albuquerque, a obra “A Lei do Triunfo” (1928), fruto desses 20 anos de entrevistas realizadas por Hill, evidenciou que o diferencial entre empreendedores de sucesso estava na forma de agir. “Mesmo que estivessem em lugares distantes e não se conhecessem, os comportamentos se repetiam. O que os diferenciava era a postura, a conduta diante dos desafios”, disse.
Ele ainda acrescentou que a inovação e a capacidade de adaptação são responsabilidades diretas da liderança. “O líder precisa ter a sagacidade de se reinventar a todo momento. Isso já estava em debate há 100 anos e segue atual, a qualidade vem do estudo, da inovação e da comunicação clara sobre o valor de um produto ou serviço”. Albuquerque também ressaltou que a comunicação é parte essencial da jornada empreendedora. “Não adianta ter o melhor produto do mundo se ninguém souber disso. Comunicar é fundamental para multiplicar resultados”, afirmou.
Para o palestrante, fatores como conhecimento, herança familiar, sorte ou genialidade podem contribuir para o sucesso, mas não substituem a ação. “Todos esses elementos só fazem sentido quando existe liderança capaz de transformar potencial em resultado. O comportamento do líder é determinante para o desempenho de uma equipe”, concluiu.
Empreendedorismo feminino
O primeiro painel da manhã abordou o tema “Empreendedorismo feminino: Conquistas e Desafios” e foi conduzido pela publicitária Larissa Andrade, cofundadora da Maria São Paulo, e pela CEO da Plano Feminino, Vivi Duarte. Larissa iniciou o bate-papo relatando que sua trajetória de liderança envolveu grandes desafios. “Como ser uma líder inspiradora? Como conseguir diminuir a taxa de turnover dos funcionários da agência? Para mim, esse foi o maior desafio quando assumi a posição de liderança. Comprei a parte do meu sócio e hoje sou 100% dona da agência. Não escolhi empreender de repente, fui crescendo e entendendo o meu lugar e assumindo a responsabilidade de liderar pessoas”, afirmou.
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Segundo a publicitária, o resultado desse processo pode ser medido pelo vínculo criado com a equipe. “Consegui reduzir a rotatividade na equipe, tenho pessoas comigo há três, quatro anos, e no mercado publicitário isso não é comum. Para mim, o maior KPI de sucesso são as mensagens que recebo dizendo que nunca se sentiram tão bem acolhidas como na Maria, e isso traduz o valor que vai além da minha liderança individual”, destacou.
Vivi Duarte também resgatou o percurso que a levou a fundar a Plano Feminino, agência de comunicação voltada à diversidade e representatividade. “Como executiva de marketing, percebi que, embora as mulheres tivessem 56% do poder de decisão de compra, raramente eram representadas de forma real. Foi nesse contexto que nasceu a Plano Feminino, para ajudar marcas a conversarem com públicos diversos sem estereótipos”, explicou. A executiva também relembrou episódios de resistência no mercado. Segundo ela, quando sugeria que uma atriz negra participasse de campanhas de produtos premium, recebia respostas de que não fazia sentido, pois não seria o público-alvo. “Esse tipo de visão me fez buscar alternativas e criar narrativas. Entre 2010 e 2018, vimos um boom de diversidade: as marcas que apostaram nisso ganharam relevância e resultado financeiro, enquanto as que resistiram perderam campanhas e reputação”, afirmou.
A IA no seu negócio
No painel sobre “Como a Inteligência Artificial pode impactar o seu negócio?”, o empresário e especialista em IA aplicada aos negócios, Myrko Micali, destacou a necessidade de as empresas acompanharem a velocidade das transformações tecnológicas para se manterem competitivas. Ele citou, por exemplo, a mudança brusca no comportamento do público em relação às plataformas de busca, que passou a utilizar muito mais o Google do que o ChatGPT. Segundo Micali, a rapidez de resposta será determinante para a sobrevivência das empresas. “Não é mais sobre ter a melhor ideia, mas sobre quem consegue implementá-la com mais velocidade. O futuro dos negócios depende dessa agilidade”.
O palestrante ressaltou ainda que a tecnologia deve ser vista como meio, e não como fim. “De nada adianta investir em ferramentas se não houver clareza de propósito e estratégia bem definidas. A tecnologia, sozinha, não resolve os problemas de gestão”, explicou.
Gestão, liderança e governança
O Painel 2 fechou a manhã de debates com a participação da presidente do conselho da Família Lupo, Daniela Lupo, e da publicitária da 6P, Silvia Bianchi Machado, que destacou que a cultura organizacional é a base da governança e precisa ser incorporada no dia a dia da empresa. “Na 6P, todos que entram passam a ser chamados de 6 People, um jeito de pertencer que nasceu naturalmente em quase 30 anos de atuação e que conecta colaboradores e clientes. Cultura é mais do que missão e valores escritos, é a forma como damos feedback, apoiamos e entregamos resultados de maneira autêntica”, explicou.
Já Daniela Lupo lembrou da importância da governança na longevidade das empresas familiares. “Estamos na 4ª geração e seguimos como um negócio centenário porque investimos nisso há mais de 20 anos. Isso garante clareza de cultura e alinhamento sobre o futuro. É uma lição que vale para os negócios de qualquer porte”.
A executiva também chamou a atenção para o desafio de gerir equipes multigeracionais. “Hoje convivem até quatro gerações em um mesmo setor da Lupo. O papel da liderança é orquestrar essa diversidade, delegando funções de acordo com os perfis para garantir equilíbrio e inovação”, afirmou.
Todas as fotos podem ser conferidas pelo https://www.flickr.com/photos/appribeirao/albums
Sobre a APCM
Fundada em 13 de agosto de 1984, com o nome de Associação Paulista de Propaganda – Ribeirão Preto, a entidade sem fins lucrativos teve como finalidade cuidar dos interesses sociais dos profissionais da área da publicidade e propaganda de toda a região nordeste do estado de São Paulo, com sede em Ribeirão Preto.
A partir de 1989, a razão social da entidade passou a ser Associação dos Profissionais de Propaganda de Ribeirão Preto, conhecida nacionalmente como APP Ribeirão, através de eventos consagrados. Em 2024, em ritmo de renovação, a diretoria da instituição apresentou ao mercado um novo posicionamento e logomarca, adotando posteriormente a nomenclatura APCM – Associação dos Profissionais de Comunicação e Marketing.