O resistente
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A jornalista premiada, Dorrit Harazim (Zagreb 1/5/1943), depois de tanta experiencia, inclusive como fundadora de Revistas, como a Piauí, tornou-se colunista do jornal o Globo, que recentemente veiculou artigo de sua autoria (Domingo, 28.9.2025), sob o título Um Resistente, no qual Gaza e os palestinos ganham vertentes de compreensão, que merece sejam anotados, por quem de alguma maneira ocupam lugar de alguma comunicação.
O isolamento de Israel pode ser registrado, com o que ela recorda da última sessão da Assembleia Geral da ONU, quando Lula, com seus discurso histórico (“o povo palestino pode desaparecer”) aplaudido por mais de duas vezes, enquanto na vez da tribuna entregue ao genocida Benjamim Netanyahu, houve uma debandada geral, que permitiu só as moscas o ouvirem, aprisionadas, sem poder voarem para fora, como tentaram. Antes, a debandada era menor.
Aconteceu a adesão de “pesos pesados”, normalmente acovardados e cúmplices do Ocidente, acompanharem a posição diplomática brasileira, reconhecendo o Estado da Palestina, atrasadamente, já que nessa última etapa, o exército sionista matava mulheres e crianças, esfomeadas, até na fila que esperava pelos donativos, assim como um divertimento macabro, endoidecidos pela destruição de hospitais, igrejas, escolas.
Ninguém ouviu que o genocida declarou que ocuparia a telefonia de Gaza, instalando alto-falantes em todo pedaço daquela terra ensanguentada, para transmitir seu discurso. E foi em inglês que afirmou que destruiria totalmente o que resta de Gaza e dos palestinos.
Sem expressa vontade, ele confirmava o “relatório de 124 páginas, com 1.400 notas de rodapé, publicado há um mês pelo respeitado grupo israelense B’Tselem (Centro de Informações Israelenses para Direitos Humanos nos Território Ocupados) intitulado ‘Nosso Genocídio’. No documento, os autores concluíram que o Estado e a sociedade de Israel cometem crimes de genocídio em Gaza, tomando a desumanização de suas vítimas como condição fundamental para a ocorrência desse crime”.
Ela recorda que a “população de Gaza é de 2,2 milhões de pessoas e mais de 10% foram mortas ou estão feridas”, segundo declaração do general Herzi Halevi, ex-chefe do Estado-Maior das Forças de Defesa de Israel (FDI).
“Nada tão diferente dos compilados pelas autoridades de Gaza: 65.283 mortos e mais de 166 mil feridos, somando um total de 230 mil vítimas, a maioria delas civis indefesos. Vale lembrar que os dados divulgados pelo Ministério do Hamas se sustentam em listas detalhadas – nome, sobrenome, idade, nome do pai, avô, número da carteira de identidade, facilmente verificáveis, pois o RG dos palestinos em Gaza é fornecido por Israel. Cabe acrescentar que nenhuma lista até agora inclui os desaparecidos, sob os escombros do que um dia foi Gaza, nem os mortos por inanição, doenças decorrentes da desumanidade e da destruição”.
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A palavra destruição talvez não dê a real dimensão da tragédia palestina. Talvez tenha que se lembrar de que não sobrou pedra sobre pedra, casas. Igrejas, hospitais, escolas, imóveis, tudo colocado brutalmente no chão, substituído por milhões de toneladas de escombros, entulhos e ruinas, cujo lugar para depositá-los não existe, como está prejudicado qualquer plantio de alimentos, porque os bombardeiros contaminaram a fertilidade a do solo.
Também é significativo o fato dela mencionar o historiador israelense Lee Mordechai, Ex-Oficial do Corpo de Engenharia de Combate da FDI, professor sênior de História na Universidade de Jerusalém. Ele vivia “enfurnado em estudos sobre desastres humanos e naturais da Antiguidade, quando ocorreu o 7 de outubro terrorista e a resposta militar contra Gaza. Desde então trabalha metodicamente na montagem de uma documentação sobre crimes de guerra israelense no território”.
Essa documentação já sofreu seguidas atualizações, escrito em língua inglesa inclusive, tem 124 páginas, com 1.400 notas de rodapé, e segundo ela esse trabalho está disponível on-line sob o título – Bearing witness to the Israel-Gaza war” (Prestando testemunho sobre a guerra Israel-Gaza). É aterrador.
O compromisso com a verdade histórica, testemunhada por seu olhar de pesquisador isento, fê-lo dizer:
“Não estou aqui para confrontar as pessoas e discutir. Escrevi o documento para que fosse divulgado. Para que daqui a meio ano, um ano, ou cinco, dez ou cem anos, as pessoas possam voltar a ver que isso é o que eu sabia, o que era possível saber, já em janeiro ou março de 2024. E que aqueles entre nós que não sabiam, escolheram não saber. Para mim é importante olhar no espelho, importa divulgar essas coisas. É minha forma de resistência”.
O genocida, antes da guerra, já respondia processos de corrupção perante à justiça israelense, por isso ele deseja guerra e guerras, para se proteger internamente, tentando unir a desunião do povo de Israel.

