Constantinopla ou Istambul
Sérgio Roxo da Fonseca
Advogado, da Academia Ribeirãopretana de Letras,
Procurador de Justiça, professor (aposentado)
Tais Costa Roxo da Fonseca
Advogada
As pessoas, os animais, os objetos e tudo mais que rodeia o mundo e a humanidade têm nome. Muitos têm até mesmo sobrenome. No entanto, os homens e as mulheres, não raras vezes, acabam batizando o que enxergam com variados nomes e até mesmo com sobrenomes.
Tivemos a oportunidade de visitar Istambul, que no passado era conhecida como Constantinopla. Nos nossos dias, Istambul é a capital de um extenso mundo árabe. No passado, Constantinopla era a capital do “Sacro Império Romano do Oriente”, que segundo a visão da época “não era sacro, nem império, nem mesmo romano e ficava no ocidente”. Mas nem tudo é matemático.
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Os romanos criaram o falso império porque o então império ocidental, dirigido por Roma, estava sendo frequentemente atacado por grupos armados vindos do norte e do leste da Europa. O Império do Oriente fez disso a sua história.
Espantosamente a obra mais aplaudida da língua latina foi reescrita por escritores do império oriental, muito embora, até hoje, é conhecida como “Corpus Juris Civilis”. Os orientais salvaram o texto básico do direto romano.
Em contrapartida foram os romanos do oriente que atacaram a Grécia, decretando o trancamento das milenares escolas de filosofia instaladas pelos grandes mestres da humanidade. Para aqueles romanos do “oriente”, a filosofia grega clássica contrastava com o cristianismo, o que atualmente é negado pelos estudiosos de todas as pátrias e de todas as línguas.
Mas foram eles que aprofundaram os estudos sobre o cristianismo e os últimos acontecimentos que envolveram a morte de Jesus Cristo, especialmente sobre os fatos que cercaram a execução de Jesus Cristo em Jerusalém, o que era então objeto de rara documentação.
Foram fixados os locais do sacrifício de Jesus Cisto, sua execução e até mesmo de sua imolação. O Monte das Oliveiras encontra-se até hoje preservado.
Nos nossos dias alguns judeus da Alemanha afastaram-se de sua pátria e procuraram a paz em Istambul para fugir dos nazistas, permanecendo longo tempo sob a proteção dos árabes. Um desses judeus realizou uma extraordinária revelação.
Revelou que todos os livros escritos na antiguidade somente retratavam a vida e a história das pessoas ricas e de muito poder. Um único livro, daqueles até então velhíssimos tempos, espantosamente, tratava de pessoas pobres: o Evangelho de Jesus Cristo. É escusado dizer que se trata de uma das poucas obras lida e relida até os dias de hoje. Referimo-nos ao livro publicado por Erich Auerbach, denominado “Mimesis”, publicado pela editora Perspectiva.
Os árabes tomaram Constantinopla e alteraram seu nome para Istambul. Os cristãos ali haviam construído o seu maior templo até então conhecido. O Vaticano ainda não era o templo maior do mundo. .
Os árabes tomaram o antiquíssimo templo cristão e o submeteram a suas regras: para os árabes é proibido imagens, até mesmo as religiosas. Os seus templos são singelamente decorados com a aplicação dos “arabescos”.
Para quem ingressa hoje na antiga catedral cristã, hoje mesquita mulçumana, espanta-se ao observar que na parece lateral do altar há a imagem de Nossa Senhora e do menino Jesus. Um interlocutor árabe explica que tal exceção revela o amor dos árabes devotado aos santos cristãos.
As palavras do interlocutor árabe refletem aquelas outras encontradas no alto do Morro Neto, segundo a qual as religiões monoteístas (cristianismo, judaísmo e muçulmanos) adoram o mesmo Deus (“um só Deus, acima de todos, todos irmãos”).
Indaga-se qual a razão pela qual ainda se matam?