A desordem anunciada ou o profeta do horror
O profeta do apocalipse, com função de mando na presidência dos Estados Unidos, assume as rédeas de maior poderio militar, confessando situação de decadência, e por isso prometendo voltar atrás, para recuperar o respeito devido, o temor devido, a ameaça devida com o medo imposto. A truculência explícita, que marca episódios da história daquele povo, é rediviva, num mundo muito diferente daquele oferecido logo depois da segunda guerra mundial.
Naquela época dividiram a geografia dos povos segundo a zona de influência definida.
Se a União Soviética era a grande rival do mundo capitalista ocidental, a queda do Muro d Berlim deu a certeza de que a história terminara, e o capitalismo vencera.
A Rússia enfrentou um tsunami, para depois se recuperar, enquanto a China, em silêncio, se oferecia à fome do lucro com mão de obra barata, o que atraiu tantas empresas estrangeiras, inclusive norte-americana, numa lógica infernal de sempre, porque dirigidas pelo interesse de lucros, o que demanda fartura de mão de obra precarizada.
E a China cresceu, na contradição do capitalismo, em sua fase financeira. Cresceu em silêncio, e não tendo interesse em guerras, sua política é de universalizar o comércio. Claro, se cresceu economicamente, socialmente, cresceu militarmente. Sua ciência aterrizou uma nave no lado escuro da Lua, onde ainda estava indevassável.
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É esse crescimento concorrente incomoda os representantes da primeira economia do mundo, porque a chinesa é já chegou à posição de segunda.
Mas, ao contrário do que pensa, tantos idiotas patrícios, ou promotores da conveniência ideológica, entre as nações, entre os países, prevalecem os interesses primacialmente econômicos e financeiros, depois o resto.
E nesse embate declarado, entre a soberba e as ameaças de Trump e a discrição chinesa, com a Rússia, militarmente fortalecida, está o Brasil, considerado irrelevante; na fala presidencial. Ele não falou da anexação da Amazônia, alvo de olhares ambiciosas daquele governo desde o final de Século XIX, mas declarou o interesse na anexação do Canadá, a anexação da Groenlândia, e prometeu uma bandeira norte-americana em Marte.
O espaço vital alimentou soberba de Hitler, a ponto de introjetar no sionismo sua maldade atualizada e amplificada, fazendo-o fabricante de genocídio – pior e mais cruel do que seu inspirador.
Esse sonho expansionismo revela, na linguete odiosa e guerreira de Trump, o anúncio da desordem como programa universal a ser realizado.
Se na nossa formação pedagogicamente assumimos um mundo de regras, ou seja de leis, o trumpismo e suas “alcateias” de lá e de nosso país, dedicam-se a destruição dos limites, o que vale dizer das leis, e para desacreditar as leis precisam destruir a legitimidade do Tribunal, que declara o limite das leis, o que incomoda e indigna os fascistas, os nazistas, ou seus aprendizes.
O pais que nasceu com emigrantes ingleses, repudia a imigração, mas sem destruir a causa profunda dela, ou seja, a atração da sede do próprio império, mundo de possibilidades, que mão deixa os seus “satélites” crescerem, como pais, como nação. Dividir para governar, é o lema.
O Brasil ficou omitido na fala do vitorioso, porque as pessoas que tentam dele se aproximar se apresentam com tal servilismo, que representantes de voto popular, nem Trump os respeita. E estes sem pensar no Brasil, não sentem, alienados, que eles ofendem o povo brasileiro, com seu servilismo.
Assistiu-se já o então presidente da República, inelegível, bateu continência, ato privativo de militares, à bandeira norte-americana já exibindo servilismo. Agora, nessa linha de servilismo exposto o governador de São Paulo, ridiculamente coloca um bonezinho de propaganda de Trump. Ele veio das forças armados, imagine só? Por isso, Trump, suponha com o enclave de São Paulo, o Brasil continua a presa fácil que é, porque eles, Brasil “mais precisa de nós, do que deles”.
Antes do governador, patota parlamentar e não parlamentar, aqueles certamente com dinheiro públicos, ou enriquecidos com emendas parlamentares, foram assistir a posse pela televisão, mas lá em solo americano. E para não votarem com cara de quem comeu e não gostou, visitaram o que foi assessor de Trump, Sevem Beam, um estelionatário, que xingou o Brasil e suas autoridades, enquanto a cambada aplaudia, vociferando.
Nós já estamos amedrontados, mas rebeldes e contestadores, agora marcianos que se cuidem.
POR FERES SABINO