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Parlamento não é tablado de violência

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POR FERES SABINO| O nosso saudoso Presidente Juscelino KubitscheK de Oliveira (Diamantina 12/9/1902, Rezende 22/8/76) foi acusado de introduzir o sorriso na política brasileira. Seu período de governo (1956/1961) ficou marcado pela emergência no campo da cultura, no da música, na da alegria e do otimismo, num florescente espírito de nação, atraído e estimulado, pela assombrosa construção de Brasília, prova materializada da criatividade nacional, revestindo toda a realizada a certeza da dignidade de um país soberano e livre.


Jânio Quadros, quando recebeu o embaixador norte-americano, que desejava que o país participasse da guerra deflagrada por eles, o recebeu de pé assim altivo. Jango um negociador nato também nunca aceitou qualquer tipo de freio estrangeiro, tal como o ensinara a fonte getulista. Getúlio morreu dignamente, com uma carta de despedida, que deveria ser lida, na abertura de todas as sessões do Congresso nacional, antes do filme documentário do dia 8 de janeiro, quando a turba invadiu a sede do governo nacional, na representação dos três Poderes.

A violência na política brasileira foi introduzida pelo Jair Bolsonaro, que continua, depois de seu período de governo, fervilhando de alienação e de promessa de barbárie continuada, como voz da mentira deslavada.
Nunca a aderência do discurso da paz ou da guerra deixou de encontrar adeptos, dentro dos quais se misturam os de bom ou de mal caráter, os crentes e devotos ou descrentes, e tantos ocupantes dos muros convertidos em poleiro daqueles que se qualificam como os molengas de espírito e de caráter, imersos em gelatinas escolhidas, na hora da conveniência da escolha.

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O problema não é ser da direita ou da esquerda.


A pessoa pode professar a fé política que escolha ou prefere, mas sempre deve se manter firme na defesa das instituições nacionais, especialmente como as nossas, nascidas como decorrência da Constituição solidarista, que garante a democracia, sempre inacabada, pelo mover permanente da história, que assiste ao ininterrupto surgimento de novos direitos, criados pelas necessidades sociais.


Evidente que nosso país, seu respeito aos diferentes, nossa convergência ética, índios, brancos e negros, construiu seus símbolos, para que nós os celebremos como um hino à unidade dos diferentes. A nossa bandeira é o exemplo. Sua sacralidade atrai só para ela o gesto da continência, que é privativa de militares.


No entanto, na primeira viagem aos Estados Unidos, o Presidente inelegível bateu continência à bandeira daquele país. Uma heresia insuportável, mas reveladora do gesto de submissão e de consciência de vira-lata, que pensávamos ter sido banida do território.


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Consciência de vira-lata e com ela se introduziu o discurso do ódio que já estava, durante trinta anos, falando às moscas até encontrar um momento eleitoral de desencanto democrático, para eleger quem desejava destruir a democracia.


E com ele a disseminação da mentira se tornou corriqueira, nas versões mendazes de cada acontecimento. E a escumalha, sinônimo de ralé, ética e política, surge no palco, praticando a gratuidade da estupidez, ofendendo-se com a invocação da moralidade pública, e prometendo retaliação, se houver insistência e continuidade na apuração policial do destino das emendas parlamentares, bilhões destinadas às sociedades nas quais deputados eram sócios. Aqui o problema não se chama Ministro Alexandre de Morais, aqui o nome da vez é o do Ministro Flavio Dino.


Essa patota, que não pode ser reeleita, assentou praça, nas mesas do Senado e da Câmara, e impedindo o funcionamento regular de as Casas. Não faltaram os palavrões dos que não sabe, debater. Aliás, colocaram esparadrapo, ou coisa parecida, para provar que são estrupidos mesmo, pois ali, o que deveria, fazer, exercendo a verdadeira liberdade de expressão é debater, é troca de ideias, realizando a prática virtuosa da convivência democrática. Mas se pai-político deles só introduziu a violência na política brasileira, porque eles, como filhotes, deveriam ser diferentes? Alguns, com desfaçatez, no dia seguinte foram pedir desculpas aos Presidentes das respectivas Casas parlamentares.


Interessante como a ideia-única, a mais perigosa, que intoxica essa ralé ética, encontra facilmente na violência verbal um campo da decolagem próprio para a violência institucional e a física.


Se analisarmos o período, antes do governo, quando o Exército nacional era desonrado com a presença dele, e depois, no governo, a destilaria diária do ódio, uma família inteira voltada pela roedura do interesse nacional, sendo agora capaz de perturbar a econômica nacional, articulando-se com o Trump, talvez se soubesse do que é capaz essa escumalha que ocupou as Mesas do Senado e da Câmara Federal. Até de traição nacional.


Todos deveriam ser cassados. Como gostaria que fossem.

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