IA, WhatsApp e microsegmentação: os novos campos de batalha do marketing político
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À medida que se aproxima o ciclo eleitoral de 2026, campanhas políticas no Brasil e na América Latina começam a incorporar mudanças profundas: plataforma, dados e mensagens privadas deixaram de ser apenas ferramentas de apoio e passaram a estruturar toda a disputa. Para partidos, agências e consultorias, o desafio já não é apenas “ter presença digital”, mas gerenciar narrativa, segmentação e ética em tempo real.
De acordo com o relatório Digital 2024: Brazil, havia 187,9 milhões de usuários de internet no Brasil no início de 2024, o que representa uma penetração de 86,6% da população. Além disso, o país contava com 144 milhões de usuários de redes sociais, equivalendo a 66,3% da população. Esse cenário significa que qualquer campanha política com ambição não pode mais ignorar o digital como eixo central da estratégia.
Para o publicitário e estrategista Guto Araujo, o marketing político vive uma transição definitiva, na qual as campanhas digitais assumiram o protagonismo absoluto nas disputas eleitorais. “O candidato que não compreender a lógica dos dados, das narrativas segmentadas e da velocidade do WhatsApp entra na corrida em desvantagem”, afirma.
Segundo Araujo, que já colaborou em seis campanhas presidenciais no Brasil e América Latina, essa transformação se reflete no papel central dos mensageiros como WhatsApp e Telegram, que criam engajamento genuíno e senso de pertencimento, mas também impõem desafios de rastreabilidade e moderação. Além disso, a microsegmentação e o uso de dados comportamentais permitem que campanhas adaptem narrativas para públicos específicos, aumentando a eficiência, mas exigindo transparência e conformidade com a LGPD.
Paralelamente, ferramentas de inteligência artificial aceleram a produção de conteúdos audiovisuais e textos, trazendo ganhos de produtividade, mas também riscos reais de deepfakes, bots e manipulação algorítmica. “A Inteligência Artificial é uma aliada poderosa, mas sem governança se transforma em ameaça. O risco não está na ferramenta, mas no uso. O eleitor de 2026 quer estar mais informado, saber quem financiou, qual base de dados foi usada e com qual consentimento. Campanhas que internalizam a ética como valor são mais sustentáveis e duradouras, tanto do ponto de vista reputacional quanto eleitoral”, revela o estrategista.
Araujo destaca ainda que candidatos de menor porte ou campanhas locais têm oportunidades reais de alcance e visibilidade se souberem explorar corretamente canais digitais como WhatsApp, Instagram e TikTok, mas alerta: “O custo do erro é altíssimo: disparos em massa, dados sem consentimento ou conteúdos de origem duvidosa não são mais tolerados pela sociedade nem pela Justiça Eleitoral”, completa.
