A MORTE DE SÓCRATES

Sérgio Roxo da Fonseca – procurador de justiça professor aposentado
Tais Costa Roxo da Fonseca – Advogada

Um dos episódios mais estudado da antiga Grécia refere-se ao julgamento e à condenação do filósofo Sócrates que, curiosamente não deixou nenhum texto escrito.

Teve a sua morte eternizada pelos textos deixados por dois de seus mais respeitados discípulos: Platão e Xenofonte.

Sócrates, como a maioria dos sábios gregos, manifestava suas ideias oralmente, com grande expressão pelos caminhos de Atenas e pela sua vizinhança.

A sua sociedade urbana ainda não mantinha meios de comunicação modernos razão pela qual quase sempre a sua transmissão era transmitida pela palavra oral.

Daí se extrai que na antiga Grécia a comunicação não era eternizada, pois não era supostamente transmitida por escrito. Por isso a história não registra os discursos deixados por ele, mas a sua execução foi eternizada, como já foi dito, pelas palavras escritas deixadas por dois de seus famosos discípulos: Platão e Xenofonte.

Como também não se conheciam tribunais, Sócrates foi julgado em praça pública pelos representantes de sua comunidade.

E qual teria sido o objeto de acusação?

Afirmava-se que seus discursos corrompiam a comunidade ateniense, mais especificamente a juventude grega.

Tendo sido formulada a sua condenação à morte, afirma-se que seus discípulos insistiram com ele para que fugisse de Atenas, passando a viver longe da sua sociedade.

Sócrates teria refugado firmemente a proposta de fuga, pois como convivia na sociedade grega tinha o dever, segundo ele, de morrer naquele ambiente.

Ainda não havia algo semelhante à prisão, razão pela qual o filósofo condenado à morte permaneceu convivendo com seus discípulos que insistiam para que empreendesse fuga. O grande mestre comunicou que somente poderia morrer em Atenas onde sempre havia manifestado as suas lições.

O grande mestre exigiu que lhe fosse fornecido um veneno conhecido como ”cicuta” que por ele foi ingerida encerrando a sua extraordinária vida. E a “cicuta”?

Trata-se de uma planta que até hoje pode ser encontrada no Chile. E no Brasil também. Os estudiosos anotam que este vegetal perigoso pode ser encontrado até mesmo no solo do Estado do Rio de Janeiro, inclusive nas cidades do vale do Paraíba!

Mas será possível encontrar vestígios das cidades gregas nas terras americanas? Ou até mesmo sinais da vida de um homem eternizado pela história, chamado Sócrates, que, condenado a morte, não fugiu da sua cidade, nem da proximidade de seus discípulos, que documentaram seus passos como de suas mais vigorosas lições?