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O fogaréu

No sudeste do estado do Pará, no município de Novo Progresso, no dia 10 e 11 de agosto de 2019, houve uma série de incêndios. A suspeita recaia sobre fazendeiros, grileiros, madeireiros, e ela surgiu após notícia de jornal local sobre essa ligação bandida. A Polícia Federal instalou inquérito, e depois de cinco anos, em junho desse ano corrente, houve arquivamento das investigações sem que tivesse sido descoberto qualquer culpado. Essa ocorrência horrenda foi denominada DIA DO FOGO.

Esse precedente deve ser colocado em pauta, já que em vários estados brasileiros, e particularmente em São Paulo, no mês de agosto aconteceu centenas de incêndios, praticamente simultâneos. A pesquisa do Instituto da Amazônia detectou que o tempo, entre um e o incêndio posterior foi até de noventa minutos.

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O ato de estupidez humana em incendiar, atualmente está ajudado pela secura do tempo, ou pela alternativa do clima em seco e úmido, que deixa a natureza mais sensível ao incêndio fácil, em razão das mudanças climáticas que afetam a segurança da vida, na floresta ou nas cidades, ficando o país todo sobre a inoperância das instituições do Estado, que depois de cinco anos nada descobriram, em relação ao incêndio de 2019, no Pará.


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Essa desgraça orquestrada necessariamente é colocada desafiadora perante as instituições do Estado brasileiro, para uma avaliação correta de sua eficiência ou ineficiência. E por isso não se pode deixar de lado o que o Rio de Janeiro apresenta durantes anos, mesmo que se dizia, lá longe no tempo, que ali não se produzia drogas e nem armas.

Esse enigma carioca, como primeira referência é absoluta, já que ali há uma apreciável concentração de militares das três armas, aeronáutica, exército e marinha, cada uma mantendo seu setor de inteligência, que se soma aos da polícia militar e da policia civil, e mesmo com essa duradoura “guerra civil oculta” exportou-se, vitoriosamente, a violência do crime organizado pelo Brasil afora.

A pergunta é se no território, urbano e rural de um Estado só vicejou a violência organizada, crescente e impiedosa, o que se esperar dessas Instituições num confronto com “incendiários” cujos crimes foram praticados simultaneamente.  

A rigor, a grande lição e fonte da queimada da floresta amazônica está na ignorância do planejamento da ocupação da Amazônia, em 1970, patrocinada pela ditadura militar. Não havia a consciência da ecologia e nem a consciência da relação de vida, entre a floresta e o homem. E com isso desmatar, colocar fogo para os gaúchos acostumados com o horizonte dos pampas, era um ato heroico. Era a consciência predominante da época, desmatar, queimar. A floresta era um estorvo à civilização dos brancos.

E na esteira dessa vagarosa conscientização vai surgindo o conhecimento e a percepção das mudanças climáticas, com o Rio Grande do Sul invadido pelas águas, já em duas enchentes, enquanto os rios da Amazonia são dominados pela secura extrema que causa a evaporação do que resta de suas águas.

E a suposição inusitada de que uma organização de criminosos comuns responde pelos incêndios equivale a declaração da falência absoluta do Estado, o que não está longe de acontecer, porque além da descoberta do PCC nos escaninhos da estrutura do Estado tal como nos contratos de transporte da capital de São Paulo, a Folha de São Paulo do dia 4 de setembro último veicula em destaque: “PCC EXPULSA EMPRESA E PÕE EM RISCO OBRA DA PREFEITURA DE SÃO PAULO”.

Indiscutível que o incêndio generalizado no Estado de São Paulo, corre por conta de atos criminosos. Não houve raio naquele dia, e a sucessão variada de temperatura, entre o frio e a seca, predispõe a natureza para mais fácil servir a intenção criminosa.  

Mas, os criminosos que combinaram o fogaréu do dia 10 e 11 de agosto de 1019 têm afinidades e interesses, que podem explicar a série de incêndios desse agosto de 2024.



Feres Sabino – advogado

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