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Getúlio Vargas, memória histórica

No dia 24 de agosto completa-se 70 anos da trágica morte de Getúlio Dornelles Vargas, Presidente do Brasil.

No pano de fundo dessa tragédia aparece o petróleo, que as companhias internacionais pagavam um geólogo, um tal de Mr. Link, para afirmar, categoricamente, que no Brasil não existia petróleo. Ele era defenestrado pela imprensa nacionalista. Hoje, no Google, esse nome é tido como um benfeitor, na descoberta de petróleo no Brasil.

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Mas Getúlio aprovou a lei do monopólio estatal do petróleo, surpreendendo a oposição que apresentara o projeto, pensando que ele o vetaria, para não ampliar a crise. Surge assim a Petrobras, empresa estratégica, que os vendilhões do patrimônio público falam que vão vender, o desossado Estado brasileiro.

O partido da oposição era a UDN – Partido da União Nacional – e o da situação era o PTB – Partido Trabalhista do Brasil.


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A campanha contra Getúlio, o arquiteto do Brasil moderno, foi infernal. O atentado da rua Tonelero contra Carlos Lacerda, no qual morreu o Major Vaz da Aeronáutica, incendiou o ambiente, e a suspeita não provada é que a bala da morte teria saído do revólver de Lacerda, que nunca o apresentou à polícia.

A UDN, como sabia que não ganhava no voto, era vivandeira dos quartéis; estava sempre maquinando, e chamando os militares para golpear as instituições de Estado. Na época não se ouvia falar das Forças Armadas como Poder Moderador. Essa interpretação exagerada ganhou ímpeto, após a Constituição de 1988, discutida e votada depois da anistia ampla, geral e irrestrita, que preservou torturadores e golpistas, animando com sua misericórdia os preparativos de futuros golpes, ao contrário do que aconteceu, durante a ditadura, na Argentina e no Chile. Getúlio veio do Rio Grande do Sul chefiando a Revolução de 1930, juntamente com uma plêiade de brasileiros ilustres, que organizaram o Estado moderno brasileiro, que até a década de 1970 foi o país que mais cresceu no mundo.

A oposição ruidosa naquela época animava os incautos, com a ladainha da corrupção de sempre, quando, depois de morto, atestou-se ser ele dono de pequena parte do sítio que seu pai deixara para a família. Na sua carreira política, jamais enfrentou acusação de “rachadinhas”, jamais recebeu propinas, mesmo de joias, jamais adquiriu imóvel algum, muito menos cinquenta com dinheiro vivo, jamais atacou as instituições brasileiras, apesar de ter sido um reformador, um construtor.

A sua habilidade foi genial para iniciar a industrialização do Brasil, barganhando a Siderúrgica de Volta Redonda com os norte-americanos, em 1940, no curso da 2ª guerra mundial.

O desenvolvimento do Brasil passou pelo período sombrio de 1937 a 1945, quando Getúlio foi deposto, pois o ar era democrático, no pós-guerra. Mas sua deposição não teve nada semelhante à destruição dos prédios dos Poderes da República do dia 8 de janeiro de 2022, nem à invasão e incêndio da sede da Polícia Federal, nem caminhão preparado para explodir aeroporto, nem com a derrubada de duas torres de energia do interior do Brasil, somada à tentativa de derrubar mais duas. O golpe tentado contra Getúlio não foi o ápice de uma organização criminosa, disfarçada, que durou quatro anos de pregação violenta contra as instituições. Getúlio tinha postura e compostura de um estadista. Era um homem decente, enquanto a última tentativa de golpe no Brasil foi patrocinada por um “serial killer”, impune e arrogante, que desgovernou o país durante quatro anos.

O suicídio de Getúlio impactou o Brasil e paralisou momentaneamente os golpistas, já que não imaginavam que ele tivesse tal coragem. O povo chorou sua morte.

Os golpistas logo se articularam para que Juscelino Kubitschek (1902-1976) não tomasse posse, mas o General Henrique Batista Duffles Teixeira Lott (1894-1984), anti-golpista, de saudosa lembrança, os afastou. Voltaram com a renúncia de Jânio, não querendo que João Goulart assumisse, mas finalmente eles empolgaram o poder, em 1964. E deu no que deu.

Merece registro o fato de que Lott, militar dos mais importantes na história do Brasil, não tenha tido honras militares em sua morte e enterro.

A carta deixada por Getúlio é a cartilha da defesa da soberania nacional, da redenção econômica e política do Brasil, deveria estar na pauta de toda escola.

24 de agosto de 1954 é a data de nossa celebração.

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