Feira Internacional de Livros e Luís de Camões
Sérgio Roxo da Fonseca
Membro da Academia Ribeirãopretana de Letras. Procurador de Justiça e professor universitário (aposentado)
Tais Costa Roxo da Fonseca
Advogada
Há uma grande intimidade entre a história deixada por Luís de Camões e o trabalho desenvolvido pela Feira Internacional de Livros nascida em Ribeirão Preto e desenvolvida por todo o território brasileiro. O poeta e a feira construíram sua história sem pedir licença à própria história.
Na época em que Luís de Camões nasceu o mundo europeu acreditava supostamente que a terra era plana, razão pela qual o sol morria no ocidente-se hoje ainda é possível atropelar a raiz do vocábulo.
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Realmente, o vocábulo “morrer” no latim, em uso na época era “occidere” que significava “matar” ou “morrer”; até hoje manteve-se como a raiz de muitas das nossas expressões , tais como suicidar (sui occidare), matar um homem, homicídio, (homo occidere).
Dentro deste quadro, se era dever acreditar na terra plana a cultura da época punha fé na falsa expressão segundo a qual o sol morria no ocidente.
Os livros registravam que as águas do Atlântico, ao bater nas costas da África, mais precisamente na pedra do Bojador, despencava no inferno diabólico, esfumaçando-se a seguir. Ninguém podia ir além do Bojador. Ali o mundo acabava segundo a crença. Está no verso do poeta Fernando Pessoa (Mar Português): “quem quiser passar além do Bojador, tem que passar além da dor”.
Pois o comandante português Gil Eanes, em 1453, pouco antes da descoberta do Brasil, enfiou sua nave na fumaça do Bojador e, para espanto geral, não caiu no inferno, descobrindo então que o mundo continuava vivo crescendo na direção do sul da África. Não era verdade que o sol não morria no “ocidente”. A terra é que rodopia em volta do sol!
Por esses caminhos marítimos Portugal descobriu o mundo para o mundo. “Valeu a pena? Tudo vale a pena se a alma não é pequena”, como ainda preceituou o poeta Fernando Pessoa.
Assim os portugueses navegaram por mares nunca dantes navegados e passaram não apenas a distribuir cultura, tal como assim cumpriu tanto Luís de Camões como em nossos dias Fernando Pessoa, em seus livros como em suas preciosidades.
Não nos esquecemos que os seus navios chegaram até a China para comprar objetos de porcelana para vender na Europa. Os adquirentes reclamavam das peças porque vinham borradas. Tantas foram as reclamações que os chineses passaram a produzir peças não borradas. Os europeus jogaram fora as borradas e as substituíram pelas novas. Atualmente as poucas peças borradas, ”os antigos borrões”, encantam os museus brasileiros e europeus.
Naqueles antigos tempos, os portugueses traziam do oriente peça de chá marradas em tiras onde se lia ”transporte de especiaria asiáticas”, ou seja “tea” que virou “chá” na Inglaterra.
Do norte da Europa, os navegadores lusitanos transportaram para o resto do mundo o bacalhau que, como se sabe é peixe que não precisa de geladeira.
Por aquelas águas geladas, com certeza, chegaram a terras ocidentais que batizaram com o nome de “El Dorado”, hoje “Canadá”.
Camões transformou a saga portuguesa em versos preciosos que provam e que comprovam que Portugal descobriu o mundo para o mudo.
A Feira Interacional dos Livros de Ribeirão Preto petrifica a história no papel editado, eternizando a saga portuguesa e a memória do poeta Luís de Camões.