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Threads: lançamento da Meta pode acelerar chegada dos SuperApps no Brasil

Por Alexandre Pierro

Quantas horas por dia você passa nas redes sociais? Para os “viciados” nessa conectividade, esse tempo pode aumentar ainda mais agora com o lançamento do Threads, novo aplicativo da Meta, com proposta similar ao Twitter. Apesar de não representar uma verdadeira inovação no universo digital, seu lançamento se mostra como uma estratégia de negócios muito inteligente para angariar mais usuários – algo que, caso realmente ganhe popularidade no mercado, poderá contribuir para o fortalecimento da chegada dos SuperApps no Ocidente.

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Lançado oficialmente esse mês, o Threads surge com a proposta de ser uma rede social descentralizada e independente, na qual seus usuários podem compartilhar textos, curtir, comentar e repostar outros conteúdos de quem seguem. A experiência ofertada é semelhante à do Twitter, focando em proporcionar uma interação efetiva que englobe perfis pessoais e organizacionais.

Em apenas duas horas, o aplicativo registrou a entrada recorde de 2 milhões de usuários. Mas, o que justifica essa tamanha procura, sendo que não é algo realmente novo no mercado? A resposta é mais simples do que muitos imaginam: a jogada estratégica do CEO da Meta, Mark Zuckerberg, ao identificar a “carência” daqueles que, antes fortemente ativos no Twitter, se viram descontentes com as mudanças sofridas na plataforma com sua compra por Elon Musk, em outubro de 2022.


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Muitas dinâmicas nessa rede social foram alteradas com sua chegada – principalmente, no que diz respeito à capitalização em diversas funcionalidades internas. A monetização sobre a quantidade de posts disponíveis para não usuários e a limitação de visualização de postagens para verificados e não verificados, foram apenas alguns dos exemplos que levaram à insatisfação dos internautas, o que, inevitavelmente, criou este gap estrategicamente explorado por Zuckerberg.

Apesar de não ser considerado como algo inovador, a chegada do Threads mostra uma jogada de business muito bem pensada – considerando, como exemplo, que se a Meta trouxer 17,5% dos usuários do Instagram para esta nova plataforma, o total de navegantes já será maior do que na primeira, sem que precise desembolsar os 44 bilhões de dólares investidos por Musk para entrar no jogo das redes sociais.

Ainda, sua integração às outras três plataformas de Zuckerberg (Instagram, FaceBook e WhatsApp) será mais uma carta na manga para fortalecer seu conglomerado, dando mais um passo para um cenário de negócios já visto em países como a China, Indonésia e Coréia do Sul: o dos SuperApps. Mesmo sendo pouco conhecidos no Brasil, é fato que sua oferta de múltiplos serviços na mesma interface pode trazer diversos benefícios para todos os envolvidos ao centralizar todas as atividades em um único lugar.

Para os usuários, fica muito mais fácil acessar todas as páginas e serviços que desejarem diretamente no aplicativo, tendo contato com uma experiência muito mais rica e fluída. Mas, o outro lado, que muitos não veem é, justamente, o fornecimento de todos os dados de navegação, preferências e muitas outras informações de cada navegante aos detentores deste ambiente e, até mesmo, aos governos locais.

Ter acesso a dados em tempo real, principalmente neste século, é uma fonte de poder muito importante, e poderá ser ainda mais disseminado com o fortalecimento dos SuperApps. Na prática, eles não serão apenas utilizados no direcionamento de campanhas mais personalizadas e ofertas de produtos aderentes ao perfil individual, mas também dar abertura para um monitoramento mais rigoroso acerca de cada um, tendo acesso a informações que, nem sempre, os usuários podem ter conhecimento de que estão sendo analisadas.

Pode parecer um futuro distante, mas o lançamento do Threads abre espaço para um caminho que já começa a se desenhar. Ainda não há como saber se a plataforma terá uma aceitação longínqua do público ou se mostrará apenas como uma onda passageira – mas, algo é certo: essa e outras estratégias de negócios precisam ser muito bem acompanhadas, analisando os possíveis desdobramentos a serem vistos e, acima de tudo, nos preparando para até onde essa conectividade crescente nos levará.

Alexandre Pierro é mestrando em gestão e engenharia da inovação, bacharel em engenharia mecânica, física nuclear e sócio fundador da PALAS, consultoria pioneira na ISO de inovação na América Latina.

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