Cigarro eletrônico eleva altamente os riscos de câncer de pulmão entre a geração Z
Usado como um substituto do cigarro tradicional, o vape – uma abreviação para vaporizador –, está cada vez mais popular entre os jovens no Brasil, especialmente em cidades com vida noturna agitada como Ribeirão Preto. Embora a venda do produto seja proibida no país desde 2009 pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), a comercialização ocorre de maneira ilegal e em larga escala.
Diocésio Andrade, oncologista da Oncoclínicas Ribeirão Preto explica que o consumo de dispositivos eletrônicos, considerados modismos no Brasil, trará para essa geração, diversos malefícios à saúde a longo prazo. “A preocupação maior é com os jovens, que são os principais consumidores do cigarro eletrônico. Os danos não podem ser totalmente medidos, mas a tendência é que haja um retrocesso no combate ao tabagismo e descontrole dos casos de câncer em decorrência do fumo”, comenta.
De acordo com relatório divulgado em 2022 pelo sistema de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel), do Ministério da Saúde, pelo menos um a cada cinco jovens de 18 a 24 anos usa cigarros eletrônicos no Brasil.
“Acreditando que o dispositivo seja menos nocivo à saúde, as pessoas estão cada vez mais se adaptando ao uso do vape como um substituto do cigarro tradicional, porém ambos são altamente maléficos para a saúde e devem ser evitados”, reforça Diocésio.
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O médico ainda comenta que pelo dispositivo eletrônico possuir diversos sabores e aromas, ele acaba tornando os riscos invisíveis para os fumantes, que acreditam que ele seja menos danoso à saúde. “A verdade é que o vape contém substâncias tóxicas – assim como os cigarros tradicionais – e também a nicotina, que gera dependência e são prejudiciais à saúde. Já na fumaça liberada pelo dispositivo é possível encontrar elementos que vão além da nicotina, como chumbo, propilenoglicol, glicerol, acetona, sódio, alumínio, ferro, entre outros”.
Principal fator de risco para o câncer
O tabagismo faz parte da origem de 90% de todos os casos de câncer de pulmão no mundo, ampliando em cerca de 20 vezes o risco de surgimento da condição. No Brasil, segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA), devem ser registrados cerca de 32 mil novos casos da doença para cada ano do triênio 2023-2025.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), os tumores pulmonares lideram o ranking das doenças oncológicas que mais matam no país, o cigarro é responsável por 71% das mortes.
Já em Ribeirão Preto, segundo dados da Secretaria Municipal da Saúde, somente no ano passado (2022) foram registradas 121 mortes por neoplasias de brônquios ou pulmões.
“Integramos uma cidade de grande movimentação de jovens e com vida social ativa. Por isso, a importância de reforçarmos alguns alertas que complementam a campanha do Dia Nacional de Combate ao Fumo. A expectativa é que eles pensem a longo prazo e abandonem o cigarro, seja ele o tradicional ou eletrônico, o mais rápido possível”, diz o Dr. Diocésio Andrade.
Vida nova
Parar de fumar é a forma mais eficaz de prevenir o câncer de pulmão e diversos outros tumores, além de doenças cardíacas, pneumonia e AVC (acidente vascular cerebral). Segundo o INCA, mais de 160 mil mortes poderiam ser evitadas anualmente com o abandono do uso do tabaco.
De acordo com a Secretária da Saúde de Ribeirão Preto, as unidades de tratamento contra o tabagismo na cidade registraram em 2022, a participação de 467 pacientes que buscaram recursos contra o vício. 52% deles conseguiram abandonar o cigarro em até 5 semanas.
“A melhor alternativa é se conscientizar sobre os malefícios do cigarro e abandonar o vício o quanto antes, visando melhores perspectivas de vida e se necessário buscar ajuda profissional”, finaliza o oncologista.