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Bartolomeu de Las Casas

O espanhol Frei Bartolomeu de Las Casas, ou simples­mente Las Casas converteu-se num dos mais extraordiná­rios construtores dos direitos humanos do mundo ocidental. Nasceu em Sevilha em 1474. Faleceu em 1556.

Muito jovem dirigiu-se para a América espanhola visando implantar um empreendimento agrícola com base na escravidão dos índios mexicanos. Acabou recebendo fortíssima influência dos freis dominicanos. Abandonou seu projeto empresarial, tornando-se o primeiro sacerdote orde­nado em território americano. Foi eleito bispo de Chiapas, cidade do México.

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Ao contrário de seus contemporâneos, deixou extensa obra escrita, destacando-se “Liberdade e Justiça para os povos da América – Oito tratados impressos em Sevilha em 1552”.

As suas palavras revelam não apenas sua insuperável de­voção aos direitos dos povos indígenas, como também um conhecimento jurídico muito pouco comum de ser encon­trado numa época que presenciava então a inauguração das primeiras escolas de ciência jurídica na Europa católica.


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Endereçava seus atrevidos documentos aos monarcas espanhóis, então os mais poderosos da Europa. Mirando os costumes da época, percebe-se o seu caráter de verdadeiro herói da humanidade, pois não apresentava qualquer ves­tígio de temor frente aos poderosos. Com dureza defendeu o direito dos povos indígenas de viver em liberdade apenas submetidos aos seus costumes e às regras do seu direito. Negou que a civilização branca tivesse qualquer espécie de direito ou poder divino ou humano para escravizar índios para submetê-los às suas regras.

Nas primeiras palavras do seu Terceiro Tratado, extrai­-se a síntese de seu pensamento: “O bispo da Cidade Real de Chiapas, Dom Frei Bartolomeu de Las Casas ou Casuas, tratando e insistindo importunadamente, no Conselho Real das Índias, sobre a liberdade e o remédio geral dos índios, entre outras partes de seus negócios, se empenhava em suplicar que os índios em posse dos espanhóis, que propria­mente eles chamavam de escravos, fossem todos postos em liberdade, alegando que sequer um dos inúmeros que se tiveram e se têm foi justo nem legítimo, mas, os que haviam feitos escravos injusta e iniquamente”.

No momento em que o Brasil volta seus olhos tanto para amparar a cultura e a saúde dos nossos índios, como também para a união dos povos latino-americanos, é relevante voltar nossos olhos para a pregação deixada pelo padre Las Casas.

Las Casas profetizava inutilmente o aparecimento de um estado americano, que unisse todas as nações, sob o pálio da liberdade e da harmonia. A sua obra vem sendo publicada no Brasil pela Paulus, o que autoriza crer que o esquecimen­to a que foi condenado, também está sendo atingido pela prescrição, levantando-se assim o manto da ignorância e do obscurantismo que até hoje mantém sob silêncio a história heroica da nossa cultura e da nossa brasilidade.

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