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Sergio Roxo: O Moldova

Sérgio Roxo da Fonseca 

Da Academia Ribeirãopretana de Letras 

Tais Costa Roxo da Fonseca 

Advogada 

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Tendo recebido escassos conhecimentos de música, tive a oportunidade de aprender que haveria dois degraus para a classificação de sua categoria: há músicas abstratas e outras descritivas. Os meus mestres depositaram na primeira categoria as mais importantes criações. Na segunda identificavam as músicas de padrão inferior. Com certeza, há exceções.  


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Uma delas é a música de Beetoven conhecida como “Für Elise”, ou em português “Para Elisa”, cuja existência foi descoberta algumas décadas depois da morte do compositor. Qual o nome da obra e quem era a Elisa homenageada? A dedicatória foi transformada no nome da obra. É ela abstrata ou descritiva? Não se conhecendo a razão do seu nascimento, passou a ser abstrata. 

Afirma-se que a música mais relevante do nosso universo é a longa “Paixão segundo Mateus” de Bach. Como se sabe tem o seu texto para ser cantada. Uma música cantada, como a paixão de Cristo pode ser abstrata? Não há resposta porque não há palavras para sua conceituação. 

O russo Rachmaninof compôs o seu famoso “Prelúdio”, que de tanto ouvi-lo retorna sempre na minha memória. Os nortes americanos transformaram o “Prelúdio” numa bela música popular “Lua cheia e braços vazios” ou “Foul moon and empty arms”. Qual das duas é a mais conhecida. O “Prelúdio” ou a sua versão americana? Com certeza é a sua versão. O “Prelúdio” perdeu a sua abstração com a versão dele extraída?  Não sai da minha memória, a apresentação do “Prelúdio”, no palco do Teatro Pedro II, ali por volta de 1965, apresentado por uma jovem pianista! 

Posso ir mais perto. Um amigo enquanto estudante em Roma compôs o coro para a apresentação da “Missa de Angelis” no Vaticano. Sempre afirmou que, pelo menos para ele, a música desta Missa transformou-se na obra máxima da arte humana. Segundo a sua experiência pessoal.  

“O Moldava” é o rio que passa pela região da Europa onde se encontra a República Moldava, a Tcheca e a Ucrânia. O rio Moldava corta a república Tcheca. Smetana (1828/1884), o seu mais conhecido compositor, compôs um poema sinfônico para homenagear sua pátria. Seu nome: “Minha Pátria” ou “Ma Walst”. 

Um dos capítulos do poema sinfônico retrata o rio Moldava. O texto é conhecido como tem seu nome, “Vltava”. Portanto, tanto o poema, como seu capítulo são músicas descritivas. Apresenta-se ou não como obra de primeiro grau? As notícias que nos chegam esclarecem que o poema sinfônico “Minha Pátria” é sempre aquele estudado como bom exemplo nas universidades europeias. 

A música de “O Moldava”, descritiva que é, traz na memória do ouvinte desde nascimento do rio o seu encontro com o Rio Elba. Num momento, pelo seu som, refere-se a um casamento. Mais adiante as cornetas de caçadores. E até mesmo busca na sua abstração a dança das “ninfas”. A música retrata a sua passagem pela famosa ponte de Praga. Raramente ouvi música tão bela. 

Após o fim da Guerra Fria, com o desparecimento da república comunista na Rússia, a área de sua influência e até mesmo da sua soberania sobre o leste da Europa, despedaçou-se em vários Estados soberanos. É desnecessário lembrar que a região notabilizou-se pela sai notável produção artística, não só na área musical, até mesmo no âmbito literário como demonstrou as obras de Tolstoy (1828-1919), de Dostoevsky (1821-18810) e de Chekhov (1860-1904). 

A transformação da convivência humana, com a eclosão da Guerra da Ucrânia, comandada pela Rússia, seguramente atingirá não somente a alma daquelas repúblicas, como a Moldávia, a Polônia, a Tcheca, a Ucrânia, como até mesmo a Rússia, como também a conivência pacífica de todos os homens.  

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