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O tempo passa, a memória fica

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Sérgio Roxo da Fonseca 
Advogado, Membro da Academia de Letras de Ribeirão Preto, Procurador de Justiça (aposentado), professor universitário. 

Tais Costa Roxo da Fonseca  
Advogada 

Os dias devoram o tempo, mas não conseguem digerir a memória. Parodiando Fernando Pessoa. “Valeu a pena? Tudo Vale a pena , se a alma não é pequena. Quem quer passar além da dor, tem que passar além do Bojador”. A memória do passado invariavelmente ressuscita demonstrando que além do Bojador, os dias permanecem vivendo na nossa memória.  

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Os ribeirãopretanos, que testemunharam o fim da II Grande Guerra, conheceram a professora Alice Garcia que ministrava aulas no Grupo Escolar. Era ela negra e considerada uma fonte de cultura. Isso por volta de 1945. Eternizou-se na nossa memória. 


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Naqueles tempos, um português conhecido como José da Areia inaugurou um pequeno armazém nas proximidades da Praça 7 de Setembro. Teve uma descendência extraordinária. 

O seu filho José Gomes da Silva, tornou-se professor da Escola Luíz de Queiroz de Piracicaba. Com seus conhecimentos promoveu a mais intensa revolução agrária no Brasil, passando a ser considerado o melhor agricultor brasileiro. Tornou-se Secretário da Agricultura no governo de Franco Montoro e assessor do Presidente José Sarney.

 

Outro seu filho, o Ademar Gomes da Silva, tornou-se policial militar. Tendo em conta seu padrão moral foi designado para prestar serviços no palácio do governador Jânio Quadros. Findo o período, prestou concurso para a magistratura, sendo aprovado em segundo lugar. Foi Juiz de Direito em Ribeirão Preto, Altinópolis e Jundiaí. 

O seu neto José Carlos da Silva Arouca foi aprovado no concurso de ingresso para a magistratura do trabalho. Prestava serviços aos sindicatos de trabalhadores da cidade de São Paulo. Eram os dias de 1964. 1964. O governo federal impediu que o dr. José Carlos assumisse a sua cátedra. Alguns anos depois, vigente a democracia, o Presidente Fernando Henrique elevou o doutor José Carlos ao Tribunal Regional do Trabalho de São Paulo. 

Outro neto do José da Areia e irmão do José Carlos, formou-se em medicina em Ribeirão Preto. Chamava-se Sérgio Arouca que se converteu em uma das principais vozes para a instalação do SUS, a maior entidade de atendimento médico do globo terrestre. O Sérgio lutava pela instalação do serviço, com base na seguinte regra: onde houver verba pública, o atendimento deve ser universal. Tornou-se o grande administrador da Fiocruz, quando então se elegeu deputado federal.  

O doutor Sidnei Benetti, vizinho dos Aroucas, que afirmava que a maior alegria de sua vida foi sua aprovação no vestibular do nosso Ginásio do Estado, tornou-se Juiz de Direito, Desembargador, Ministro do Superior Tribunal de Justiça e presidente da entidade internacional representante do Poder Judiciário. 

A Walderez de Matias Martins tornou-se a primeira aluna em todas as classes pela qual passou, entre as quais as do Ginásio do Estado. Hoje é atriz da TV Globo, figurando como a empregada doméstica do Rei do Gado.  É conhecida como Walderez de Barros. 

Também de família ribeirãopretano, neto do médico Dr. Eugênio Rocha, é o grande ator da novela Mar do Sertão, figurando como o caipira “Timbó”, dono de um burrico conhecido como “chapecenter”. 

Também aqui residente era a Teresa Campello, filha do Promotor de Justiça Barreto Campello. Hoje compõe a equipe do Presidente Lula da Silva. 

Os caminhos são mais longos para a memória de Ribeirão Preto; continuaremos a trilhar iluminados pelas palavras do espanhol Antônio Machado: “caminante no hay camino, se hace el camino al andar – caminhante, não há caminho, o caminho se faz andando”. Assim se eterniza a tão brava e leal cidade de São Sebastião de Ribeirão Preto, com os seus filhos.  

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