O discurso que marca o fim de um ciclo
Nunca, na história da política brasileira, aconteceu uma disputa eleitoral com tais e quais características.
Primeiro ficou claro que a assunção ao poder político tinha um viés de proteção de amigos e familiares. E de propagação do ódio.
Depois, onde estava um organismo coletivo criado por decreto, deixou de existir; e em relação aos organismos de fiscalização ambiental eles quase chegaram à inutilidade, tal sua magreza. É só verificar a aceleração do desmatamento e a invasão ilegal de área de mineração, prestigiada por visita presidencial, para se ter ideia da política de terra arrasada. Foram os Estados Unidos que descobriram e denunciaram a descoberta de lotes enormes de madeiras ilegais exportadas da Amazônia.
A ciência e a cultura sofreram com o obscurantismo governamental, retirando dinheiro para sua inovação e criação.
O discurso político oficial ficou chulo, quando não havia o palavrão, intercalava a carência de qualquer ideia.
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A “fake News” não parou, não para, e não se sabe quando parará, em relação aos vencedores da eleição, que não é um Partido, mas um movimento em favor da democracia, que fez alargar o apoio de partidos e autoridades e pessoas de representação social ou cientifica.
A saúde na pandemia, com a lerdeza do governo federal na compra das vacinas, também inaugurou o influxo do negacionismo que compromete o sistema vacinal do Brasil, que era de reconhecimento internacional.
O orçamento secreto, que entregou bilhões ao Presidente da Câmara para a compra dos deputados alinhados com o governo, apodreceu a racionalidade do planejamento orgânico previsto na Constituição, para atender o interesse político-eleitoral do benfeitor do dinheiro, que ele distribui para quem ele quiser.
A recente redução do preço da gasolina à custa da receita do ICMS dos Estados, que prejudicou a indústria do álcool, comprometeu a política estadual da saúde, da segurança pública, da educação, constituindo um exemplo do salve-se quem puder eleitoral, que não poderia dar errado como deu.
Quanto ao auxílio emergencial, o governo propôs R$ 200,00, mas a pressão do parlamento fez chegar a R$ 600,00. No período eleitoral não se previu no orçamento tal despesa. E sem estar na lei orçamentária não existe, a promessa é vazia de resultado e consequência.
A propagação da política das armas, que chegou à sua glória com o enfrentamento da Polícia Federal pelo ex-deputado Roberto Jefferson, que repetiu o que fora pregado pelo Presidente arruaceiro, repetidas vezes, assegurando que não respeitaria as decisões do Supremo Tribunal Federal. Igual sandice foi dita pela deputada Zambelli, que depois saiu correndo atrás de um homem negro, armada, dando tiro, e querendo-o ajoelhado, humilhado.
Depois, a tosca pretensão de responsabilidade do Superior Tribunal Eleitoral na fiscalização dos números de inserções em emissoras, especialmente do Nordeste. Aprendeu-se com essa tolice que o controle de tal matéria é dos Partidos Políticos. E ainda as estranhas operações da Polícia Rodoviária Federal em estradas, especialmente no Nordeste, fiscalizando ônibus no dia da votação.
Agora, o silêncio do derrotado e a movimentação de caminhoneiros, em algumas estradas brasileiras.
Como marco divisor desse novo tempo está o vencedor –Lula – e seu discurso iluminado, de verdadeiro estadista, cujo movimento que lidera em favor da democracia estende a mão para todos os brasileiros, já que o Brasil é um só. Nele está reconhecido que o mundo está “com saudades do Brasil”, hoje um pária internacional, e trazendo consigo a melancólica e triste lembrança da violência dos que “queriam enterrá-lo vivo”, mas que com esse estupendo retorno há um sentimento de “ressurreição”, dentro e fora dele.
Fonte: Feres Sabino
https://advogadoferessabino.wordpress.com/2022/11/01/o-discurso-que-marca-o-fim-de-um-ciclo/