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Sérgio Roxo: BUCCI E O EXISTIR

Sérgio Roxo da Fonseca 

O pensador, filósofo, jurista e jornalista Eugênio Bucci publicou um extraordinário livro com o título “A Superindústria do Imaginário”, indicando hipotéticas veredas pelas quais o homem e a sua civilização trabalham para selar os caminhos de sua existência. Ou pelo menos para indicar as chaves de sua história ou a história das suas chaves. A obra foi publicada pela Autêntica Editora. 

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Examinando o passado e profetizando o futuro, o pensador e filósofo Eugênio Bucci aponta para as seguintes chaves que deverão ser manobradas para compreender o que foi o passado e o que deverá ser o futuro: 1) “a função da máquina”; 2) “a função do trabalho (ou a função de olhar, que passa a funcionar como trabalho); 3) “a função de apropriação privada de valor”. 

No exame das três chaves apontadas para destravar as portas temporais do conhecimento, é possível recordar alguns fatos pretéritos que, nos seus tempos definiram ou também redefiniram o seu tempo e o tempo do seu futuro. 


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Gutenberg mecanizou o trabalho humano abrindo espaço para multiplicar letras, abrindo as páginas dos livros, até então inexistentes, pondo a correr um bando de transmissões falsas opinativas. Após o surgimento da impressora o tempo do mundo ou dos seus dias futuros foi modificado para sempre.   

Atribui-se ao francês Descartes sintetizar em pouquíssimas palavras a definição da existência humana. O autor encurtou o saber do pensamento em uma frase tão simples quanto extensa. Demonstrou que as pessoas podem negar tudo o que existe ao seu redor. Podem negar até mesmo que Deus existe. O pensador só não pode negar que está negando. Concluindo assim que ao negar o homem está necessariamente pensando, concluindo, portanto que “se pensa então existe”. No início do sangrento Século XX, a aplaudida filosofia construída na Alemanha, buscou caminho inverso para afirmar que a “existência” está na essência do “pensar”: “se existo então eu penso”. 

Indo e vindo, os ingleses inauguraram as máquinas andantes ou flutuantes movidas por motores, afastando-as das ventanias. Mudaram o rumo das ruas, das estradas e dos mares. Lá por volta da inauguração do século XIX. 

No sangrento século XX, os americanos descobriram e utilizaram as fulgurantes bombas atômicas, utilizadas para demolir as cidades japonesas de Hiroshima e de Nagasaki. Mudaram o rumo do rumo.  

Os russos logo depois demonstraram que os homens poderiam romper os limites concretos e invisíveis da terra, apontando para os americanos as estradas aéreas indicadas para atingir a lua. 

Ainda durante o século sangrento, nações explodiram guerras globais e localizadas, tentando impor pelas armas, o seu padrão de convivência familiar e social, mantendo em silêncio o crime secular por elas cometidas contra todo o continente da África. 

O pensador Bucci profetiza que, com a especial e extraordinária força de poder dos meios de comunicação, a humanidade novamente mudará radicalmente o ponto do seu destino. Mudará ou será mudado? 

 O homem aprenderá a falar mais uma nova língua. Demonstrará, desde cedo, que seus desejos exigem profunda modificação dos antigos esteios morais e religiosos, buscando erigir uma nova sociedade ou um sujeito mascarado cujo disfarce vem sendo substituído por um eterno e monótono uniforme. Há uns que mandam e, conforme cediço outros obedecem. 

O pensador Eugênio Bucci reflete na sua extraordinária obra muito das lições que nós tivemos o privilégio de receber de sua família nos caminhos que antigamente nos levaram até a cidade de Orlândia.

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