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A riqueza encontra a pobreza irmã

Não só quando jovem, mas pela vida afora, procuramos maneiras e formas de avançar melhor na compreensão dos problemas e dos pensamentos e das palavras e das obras. Essa atitude vale para o convívio familiar, social e profissional. Às vezes, uma só frase extraída de um contexto, filosófico ou literário, serve de força de arranque para livrar-se de uma crise disfarçada de ceticismo e de desesperança. As vezes é um modo de agir de determinada pessoa, que lhe revela a porta aberta à sua disposição. Às vezes, é uma pessoa cuja redescoberta pessoal faz emergir, como propósito de vida, verdadeira alavanca mental, espiritual e física, que o coloca diante de seu semelhante como um ser humana cuja igual dignidade  não mais permite sua invisibilidade aos olhos do igual nascido diferente. Justamente, nascido diferente, porque muito menor, no patamar econômico e cultural.

Essa é a descoberta da curiosidade finalizada com a leitura do livro de Eduardo Moreira Travessia —-De banqueiro a companheiro, editada pela editora Civilização Brasileira, em 2023.   Ele narra a sua história de banqueiro que foi durante vinte anos, e a “conversão” dele, homem rico, aplicador competente de dinheiro grande para os outros e para si, e que depois, inquieto e insatisfeito, deixou-se arrastar pela vergonhosa desigualdade social do Brasil.  E é desse impasse, entre a vida confortável dele e a desconfortável, pela miséria, dos outros. que descobriu aos poucos, vencendo o sentimento de “traição”, que decidiu universalizar a consciência crítica do universo de brasileiros, ou das pessoas do mundo, fazendo da desigualdade social, em todas as suas facetas, ser combatida onde é que plantada estivesse.

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Primeiro, estagiou num acampamento do MST – Movimento Sem Terra, “… esse movimento social surgido oficialmente em 1984 dentro do 1º Encontro Nacional de Trabalhadores Sem Terra, no Paraná. É importante observar que se trata do período da Ditadura Militar, um regime que aprofundou as desigualdades sociais no país”. Esse movimento que nossa “sociedade covarde” (segundo ele) não se cansa de apontar o dedo mentiroso de “movimento terrorista”, apesar da idade avançada dele, que já atinge 40 anos.

Descobriu o que já se chamava de “Gaza brasileira”, situada em Dourados, região rica explorada pelo agronegócio, lá no Mato Grosso do Sul, povoada de aldeias indígenas paupérrimas da etnia guarani-kaiowá, submetidas a verdadeiro genocídio, pelos fazendeiros. Um exemplo vivo dessa realidade brutal, é a história do garoto que perdeu a visão, porque os bandidos das terras limpas de gente atacaram aldeias, jogando até agrotóxicos nas moradias dos indígenas, que não são de alvenaria. Agora, dois governadores brasileiras foram a Israel para rápida convivência com o genocida moderno, e seguramente trazem a receita do extermínio final de população incomoda, separando, em nome da Ordem, os cadáveres da maioria, que são mulheres dos cadáveres das minorias que são os das crianças.  Grande lição!  Depois dessa viagem de aprendizado que se cuide a população, especialmente a do litoral paulista. Afinal, o maior sucesso da empreitada-policial no litoral foi a do adulto, com seu irmão no quarto, quando os policiais entraram e atiraram. Declarando, ali, –os policiais —para a família, que eles apontaram uma arma, e por isso morreram.  Talvez, os policiais tenham ficado surpresos com a fala da mãe desesperada, porque mãe assim fica assim sendo rica ou pobre, gritando que o filho era cego, não podia apontar arma alguma.


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Tudo isso acontece, quando a elite brasileira, herdeira do escravismo histórico, não conseguiu dele se libertar, nesse país generoso, no qual o que mais tem “são terras e mais terras, agriculturáveis, afora as que têm para serem recuperadas”.  A estupidez do que ele qualifica como “sociedade covarde” tem sua coerente, pois, essa sociedade quer só se armar, armar, xingar, xingar, nem identificando claramente o inimigo imaginário que é chamado de “comunismo”, que apesar da cantoria religiosa-política nunca aparece. Serve de ameaça.

A parte surpreendente do livro é a ligação de uma cooperativa do MST com o mercado financeiro, pois, juntos estudaram durante meses e implantaram juntos uma forma inusitada de fazer captação de dinheiro para fazer funcionar uma agroindústria, lá no Rio Grande do Sul, instalada na cooperativa do MST, desenvolvendo a agricultura familiar “que produz alimentos orgânicos e agroecológicos”, segundo o CEO do Grupo Gaia,  João Paulo Pacifico, que encima seu PÓSFACIO com a seguinte frase “ Chorei Por causa do MST”. Afinal, quebrou tabus, sofreu pressão, mas se realizou nessa iniciativa histórica.

Nessa carta emocionada do banqueiro ele mostra como soube ouvir, soube se dar humanamente, soube sentir a importância do experiencia que lhe foi trazida por Eduardo Moreira, revelando-se lhe a própria e outra face de sua personalidade, simplesmente mais humana. E como estava feliz por isso!

Qualquer ataque ao MST, inclusive a recente CPI da Câmara Federal, que não deu em nada, fica absolutamente desmoralizado, pelo tempo de existência e agora pela experiencia com o mercado financeiro.

E dessa rica experiencia nasceu também a ideia de  criar, no Youtube o ICL – Instituto Conhecimento Libera, um canal independente que noticia, faz críticas dos atos e fatos importantes do dia ou da semana. E seus projetos a começar do “Brasil de Verdade” que já foi revelando o potencial criativo de nosso povo, e o desperdício dessa força de trabalho e de criação.

Esses projetos ditaram novas ideias, que reuniram técnicos, professores inclusive universitários, em cursos e debates que traçam um caminho novo de paz, amor e liberdade.

Essa aproximação, entre a riqueza e a pobreza e entre pessoas que se dispõem ao diálogo honesto, descobre caminhos redendores da humanidade de cada um.

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