Feres Sabino: Você é um babaca?
Essa maneira de perguntar, um pouco provocativa, muito desrespeitosa, nada mais representa do que uma advertência, uma vontade de chamamento à razão, para quem entre ou esteja entrando, de corpo e alma, nas redes sociais, e ficando magnetizada com a riqueza das informações e das inacreditáveis e volumosas falsidades.
As redes sociais revolucionam a vida das pessoas e da sociedade e do mundo. A lei é atacada e o sistema jurídico entra em crise, com seus guardiões às vezes perplexos.
O fato é que as redes sociais derem ensejo a muitos imbecis de aparecerem, vomitando o que lhes interessa, por dinheiro ou interesse político e ideológico. Milhares de notícias falsas e comentários mentirosos são lançados ao ar e ao vento, para o consumo de milhões de pessoas desavisadas e muitas vezes ingênuas.
O direito que mais sofre nessa enxurrada, em forma de tsunami, é o direito de expressão, a liberdade de expressão.
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Se antes o pressuposto desse direito era o direito de se expressar sem destruir a pessoa ou o outro, ou as instituições, hoje o ataque vertiginoso a ela emerge como justificativa à liberdade de expressão. Tem-se assim como um normal, para essa leva de imbecis, que a democracia pode ser destruída por instrumento que ela oferece como seu direito em convívio social.
O gravíssimo, porém, não está na expressão visível da estupidez. Ela está na raiz onde ela nasce. Ela está no espírito e na alma de quem se sujeita à maravilha das redes sociais.
Diz-se gravíssimo, pois, as plataformas criadas pelo gênio do homem, hoje, retiram invisivelmente de você o que você é, de que você gosta, o que você pensa, o que você prefere, e automaticamente, vão oferecendo em cascata aquilo que você aciona primeiro como de sua preferência.
Esse domínio apodera-se de você, porque as redes sociais tornaram-se um negócio altamente rendoso, e quem pode pagar utiliza esse poderoso instrumento de dominação da pessoa.
É o que sustenta o cientista da tecnologia da informação Jaron Lanier, no livro “Dez mandamentos para você deletar agora suas redes sociais”, apresentando já no seu argumento um – “Você está perdendo o seu livre- arbítrio”, e escrevendo logo em seguida: “Algo totalmente novo está acontecendo. Nos últimos cinco ou dez anos todo mundo começou a carregar consigo, o tempo todo, um aparelho chamado smartphone, feito sob medida, para modificações de comportamento pelos algoritmos”.
Claro que essa é uma primeira etapa de vivência desse tsunami oferecido pela tecnologia da informação. Seguramente, essa experiência terá controle eficaz um dia. Mas, até lá, o mundo das relações sofrerá com essa ruptura fantástica.
Você ainda não é um babaca, com certeza!