Como ‘microflorestas’ podem transformar a vida urbana
Em junho de 2023, a prefeitura de São Paulo aumentou a cobertura vegetal da cidade de 48,18% para 54,13%, uma medida importante para mitigar as ondas de calor extremo na cidade. Na Europa, a cobertura média é estimada em 14,9%, segundo o Instituto de Saúde Global de Barcelona (ISGlobal), na Espanha, que relacionou as mortes por calor no verão a essa baixa arborização nas cidades.
Para contornar os efeitos do aquecimento global, áreas verdes são fundamentais para diminuir a sensação térmica e manter a umidade. Em um dia em que os termômetros marcam 37 °C em São Paulo, a temperatura registrada embaixo das árvores costuma rondar os 17 °C.
Além de ajudar a contornar as altas temperaturas, as chamadas miniflorestas melhoram a qualidade do ar, pois absorvem o gás carbônico. Também retêm material particulado nas folhas, minimizam o barulho e contribuem com a drenagem urbana.
Diversas cidades mundo afora têm apostado em miniflorestas para ajudar a combater as mudanças climáticas em curso. Em Wollongong, cidade de 300 mil habitantes no leste da Austrália, o conselho municipal está incentivando a população a plantar árvores em pequenos espaços.
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Por conta própria, o órgão já tirou três miniflorestas do papel, que se espalham por terrenos com cerca de 10 metros de largura por 10 metros de profundidade. A primeira delas foi plantada em 2022, com ajuda dos estudantes de uma escola pública. A segunda, no Jardim Botânico do município, tem o formato de pulmões — simboliza o ar que se torna mais puro.
Veja vídeo: https://www.bbc.com/portuguese/av-embeds/media-56363650
O projeto é inspirado no método de reflorestamento criado pelo botânico japonês Akira Miyawaki. “O método Miyawaki consiste em colocar florestas em áreas urbanas, o que é possível fazer com miniflorestas”, disse Felicity Skoberne, curadora do Jardim Botânico de Wollongong, à “ABC News”.
Segundo a especialista, a minifloresta criada no Jardim Botânico da cidade levou apenas dez meses para atingir 3 metros de altura — as mudas foram plantadas com 30 centímetros. Optou-se por espécies locais encontradas ao longo da planície costeira e das colinas de Wollongong.
“As miniflorestas podem se adaptar a qualquer ambiente”, disse Skoberne na mesma entrevista. “Se as pessoas puderem replicá-las, nossa resistência como cidade às mudanças climáticas aumentará. À medida que as temperaturas crescem, precisaremos cada vez mais do efeito criado pelas miniflorestas e de árvores em geral. Adoraríamos ver as pessoas abraçando esse conceito, experimentando e tentando em seus próprios quintais.”
Para quem tem espaço em casa para plantar uma árvore, a prefeitura de São Paulo oferece mudas gratuitamente. É preciso ligar para o número 156 e retirá-las no Viveiro Manequinho Lopes, dentro do Parque Ibirapuera.
Por meio do mesmo telefone, é possível solicitar à administração municipal o plantio de uma árvore na sua rua. A prefeitura só faz isso em calçadas com largura mínima de 1,20 m para garantir a livre circulação dos pedestres.
De janeiro a outubro de 2023, a atual gestão municipal plantou 86.907 árvores na cidade. No mesmo período de 2022, foram 101.120, ou 14% a mais.
No ano passado, os viveiros municipais de São Paulo produziram mais de 1 milhão de mudas, sendo 850 mil de espécies arbustivas e herbáceas, 150 mil arbóreas e 35 mil medicinais ou PANCs (Plantas Alimentícias não Convencionais). Só falta transformar tudo isso em miniflorestas.
Fonte: Miniflorestas urbanas ajudam a combater as mudanças climáticas na Austrália | Exame